Professor do Departamento de Engenharia de Transporte da USP, o engenheiro Claudio Barbieri, pondera que a decisão municipal ocorreu de forma rápida devido à pandemia, mas ressalta que é necessário um acompanhamento diário dos impactos. "Entendo que teve de ser tomada rapidamente, sem um estudo e avaliação. A medida que o poder público possa ir avaliando, pode ir ajustando a algum modelo que traga o efeito necessário."
O especialista evita defender ou criticar a medida em si, mas levanta pontos que deveriam ter a efetividade e a necessidade analisadas e, se necessário, adaptadas. Um exemplo é a extensão do rodízio para 24 horas diárias e todos os dias da semana, o que atinge deslocamento durante a noite e a madrugada, e o impacto para trabalhadores de comércios e serviços essenciais, por exemplo.
Barbieri sugere que a gestão municipal amplie as análises de trajetos na cidade, para entender se os deslocamentos em determinadas regiões são de atividades não essenciais. Isso ocorreria a partir de dados coletivos e de forma anônima, com informações de radares, por exemplo, e poderia impactar em medidas específicas para as necessidades de determinadas regiões.
Já a urbanista Silvana Zioni, professora de Planejamento Territorial da UFABC, acredita que seria mais efetivo atuar na motivação do deslocamento, como, por exemplo, ao restringir a variedade de atividades permitidas. "O rodízio se aplica, em geral, em casos extremos de congestionamento, como uma medida de tentar controlar a demanda, ou, como originalmente foi adotado em São Paulo, para conter a poluição."
A especialista pondera, também, que esse tipo de medida costuma gerar aumento de demanda pelo transporte coletivo, que precisa ter incremento de oferta. "Precisa ter uma estimativa de quem são esses trabalhadores essenciais, como se deslocam, reforçar algumas em que esses serviços são demandados."