18 de fevereiro de 2014 | 02h04
Professor de Psiquiatria na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o médico Luis Fernando Tófoli diz que não se pode tratar os jovens como doentes ou bandidos. "Primeiro, porque a maioria não é dependente. Eles são usuários. Se você tratar a pessoa como bandido, é um passo errado. O segundo passo, e mais importante, é trazer para esses jovens informações sobre os riscos de se usar essas drogas em grande quantidade."
Tófoli avalia que hoje o consumo de drogas faz parte da "paisagem" das baladas dos jovens de classe média. Ele ressalta que fumar maconha ou usar cocaína não é algo marginalizado entre os jovens como era há 15 anos. "A abordagem só pela proibição não funciona. O traficante pode mudar o radical (a fórmula) da droga em laboratório e torná-la não ilícita."
As políticas de redução de danos - o alerta para que não misturem dois tipos de drogas, por exemplo - também devem ser adotadas entre jovens com o perfil dos que frequentam as baladas da Rua Augusta. "A premissa principal é não tratá-los como doentes", afirma Tófoli.
Opinião semelhante tem a socióloga Julita Tannuri Lemgruber. Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes e ex-ouvidora da Polícia do Estado do Rio de Janeiro, ela diz ser favorável à regulação das drogas para o consumo.
"Minha posição é favorável à legalização das drogas, e isso não quer dizer 'liberou geral'. Quer dizer regular. Hoje, o consumo de drogas é feito abertamente nas ruas das grandes cidades. Todo mundo sabe que é mais fácil comprar cocaína do que um antibiótico. Essa hipocrisia precisa acabar. Ato criminoso é vender drogas com outras substâncias", afirma Julita.
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