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Especialista vê migração de carro e metrô para bicicleta elétrica

Usuários em geral são ciclistas iniciantes, que pedalavam pouco ou quase nada, e veem na e-bike uma alternativa para fugir do trânsito e economizar

Por Juliana Diógenes e Giovana Girardi
Atualização:

As bicicletas elétricas, que têm sido cada vez mais vistas nas ruas de São Paulo, são consideradas por especialistas  em mobilidade urbana como o modal com mais capacidade de atrair o usuário do carro.

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"Tem mais atratividade que o metrô, o transporte público por excelência, pois proporciona uma comodidade semelhante ao do automóvel particular. Essa migração traz um fato que começa a despertar atenção. São ciclistas iniciantes, que pedalavam pouco ou quase nada, se movimentavam com o carro. Essa é a maioria dos usuários de bike elétrica", comenta o cicloativista e blogueiro do Estadão Alex Gomes.

Segundo ele e os lojistas ouvidos pelo Estado, em geral a elétrica não vai atrair o ciclista cotidiano. "Seja por preconceito ou porque não veem necessidade, eles dificilmente fazem essa migração. Mas acho que a ideia de que é bike de preguiçoso bobagem. Elas proporcionam uma acessibilidade completa. Praticamente qualquer pessoa pode usar", afirma Gomes.

Fabricantes e revendedores registram um aumento da procura. A Vela, por exemplo, de projeto e fabricação nacionais, começou a comercializar em 2015 inicialmente para um grupo de 80 pessoas que haviam pré-demonstrado interesse em um financiamento coletivo no ano anterior. Em junho deste ano, já estava entregando 50 por mês e deve chegar ao final do ano entregando 120 por mês.

Gêmeos Alexandre e Dagmar Lago, de 38 anos, usam bicicleta elétrica para ir de casa ao trabalho Foto: Hélvio Romero/Estadão

O engenheiro mecânico Victor Hugo Cruz, de 29 anos, fundador da start-up, conta que ele está sempre aquém da demanda. Diante da alta procura, conseguiu um novo financiamento para ampliar a produção. Vai mudar a fábrica para um galpão cinco vezes maior e espera estar entregando 300 bicicletas por mês até o final de 2019. Além da fábrica, tem uma loja em São Paulo e abriu mais duas neste ano, no Rio e em Brasília. Até o ano que vem estão previstas inaugurações em Curitiba e Belo Horizonte.

Ele afirma que tem dois grupos predominantes entre os interessados: quem usa carro e quem depende de muitos modais no transporte coletivo: sai a pé de casa até a estação de metrô, por exemplo, depois ainda pega um ônibus e tem de caminhar mais um pouco até o trabalho.

"Quem vem do carro normalmente está em busca de mais qualidade de vida, quer estar mais ao ar livre, conectado com a cidade. Quer ter mais liberdade e facilidade de parar no meio do trajeto para entrar numa padaria, por exemplo. E, acima de tudo, quer sair do trânsito. E diminuir seus custos", explica.

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"Quem vem do transporte público também procura mais independência na sua locomoção. E quase todo mundo ganha tempo no fim do dia." Para ele, a elétrica é mais do que lazer ou esporte, mas um instrumento que pode ajudar a resolver o problema da mobilidade urbana.

Ele exemplifica com o que o motivou a dar o nome para sua empresa. "Com o surgimento das velas, os barcos não precisavam mais ser remados, começaram a se deslocar com mais facilidade. Foi possível fazer trajetos mais longos, chegar aonde não se chegava antes. A bike elétrica faz isso, aumenta a capacidade de transporte."

Segundo Henrique Ribeiro, CEO da Sense Bike, o perfil do consumidor da bicicleta elétrica tem acima de 30 anos e está em getal alinhado ao compromisso com a mobilidade urbana. Hoje este tipo de transporte começa agora a atrair a geração nascida pós-anos 90.

De 2012 até hoje, a Sense vendeu 20 mil bicicletas em todo o Brasil. Mas foi um episódio deste ano que a empresa: a falta de gasolina nos postos de combustível. "Nossas vendas tiveram muito impulso na greve dos caminhoneiros. Pela primeira vez, ficamos sem estoque. Foi uma surpresa boa", conta Ribeiro.

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