Os portões da Escola Estadual Francisco Matarazzo Sobrinho estavam fechados na noite desta sexta-feira, mas dez funcionários esperavam os alunos do período noturno, amedrontados após a chacina que matou 19 pessoas e feriu sete na região norte de Osasco. Os ataques que aconteceram a poucos quarteirões de distância do colégio, no Jardim Munhoz Júnior. Cerca de 240 alunos deixaram de ir às aulas à noite, apesar de a escola ter decidido manter as atividades.
Enquanto a maior parte da região norte de Osasco teve comércios abertos normalmente durante a noite, no Jardim Munhoz Júnior as ruas estavam vazias. Os professores esperavam a direção da escola liberá-los para seguir de volta para suas próprias casas, o que aconteceu por volta das 19h30, quando a reportagem do Estado estava no local. "A hora que a gente sair, quem é que vai garantir nossa segurança?", perguntou um dos professores, que não quis se identificar.
Os funcionários da escola reclamam do pouco policiamento no bairro onde o caso mais violento da chacina aconteceu. Em um bar da rua Antônio Benedito Ferreira, oito pessoas foram mortas e duas ficaram feridas. A escola está em uma área próxima a duas favelas de Osasco. "Durante o dia inteiro, não vi nenhuma viatura da polícia passando por aqui", diz a vice-diretora, Neuza Sartori. "Numa situação dessas, eu não deveria ter que pedir mais policiamento para a escola."
Outras escolas públicas decidiram manter as portas abertas e não alterar as aulas previstas para a noite de sexta-feira, 14, na região. De acordo com um professor, que não quis se identificar, um aluno e um ex-aluno da Escola Estadual Francisco Matarazzo Sobrinho estão entre as vítimas dos ataques.
Enquanto os assassinatos estavam acontecendo durante a noite de quinta-feira, as notícias começaram a chegar por meio dos alunos. Pais começaram a ligar para os filhos na escola e vieram imediatamente buscá-los. "foi um clima de pânico geral, mas por volta das 21h não havia mais cima para ficar e cancelamos as duas últimas aulas da noite", disse o professor de filosofia Roger Nina. "Orientamos os alunos a sair em segurança, andarem em grupos", ele disse. A maioria dos estudantes foi levada pelos próprios pais.
Comércio. A maior parte da zona norte de Osasco, onde 15 pessoas morreram na noite de quinta-feira, tinha comércios funcionando normalmente e clima de relativa normalidade até as 20h de sexta.
O corredor comercial da Avenida Presidente Médici, próximo ao bairro Rochdale - onde houve um dos assassinatos -, lojas e lanchonetes funcionavam como em uma noite qualquer. Gerente de uma loja de roupas, Ângela Aleixo disse que a rotina foi normal durante o dia. "Não jouve nenhuma informação séria, que veio da Policia, dizendo que a gente deveria fechar, então se os funcionarios e is clientes agora estão em segurança, nós vamos funcionar normalmente", disse a gerente.
A situação era diferente apenas próximo ao bar onde oito pessoas morreram, no primeiro ataque de quinta-feira. Em frente à Escola Estadual Francisco Matarazzo Sobrinho, uma oficina mecânica era um dos únicos pontos ainda em funcionamento às 19h30. Os vizinhos fecharam as portas com medo de que a violência continue. Um dos funcionários da oficina, que não quis ser identificado, disse que um toque de recolher foi anunciado para as 20h.