Erro em túnel da linha 4 é inadmissível, diz Metrô

Em comunicado, empresa diz que ainda estuda medidas legais contra o consórcio Via Amarela

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Por Gustavo Miranda
Atualização:

O Metrô pretende estudar uma medida judicial para tomar providências contra o desalinhamento de 80 centímetros no túnel que ligará as futuras estações São Paulo/Morumbi e Butantã, na Linha 4-Amarela. O Consórcio Via Amarela afirmou ontem, em nota oficial, que as causas estão sendo apuradas e admitiu que a falha pode ter sido decorrente de interferências eventuais em equipamentos usados na obra. O Metrô só vai divulgar quais providências tomará após ser informado sobre as causas do desalinhamento. Segundo o presidente do Metrô, José Jorge Fagali, o departamento jurídico da companhia está estudando as medidas e as providências devem ser tomadas no sentido de prevenir outros erros. "Essa falha é de baixo impacto, não vai mexer no cronograma nem no orçamento da obra. O que o Metrô quer é que esse tipo de erro não aconteça e só vamos conseguir isso identificando os problemas e responsabilizando os culpados", afirmou Fagali. Especialistas ouvidos pelo Estado também criticaram a falha e disseram que o problema está longe dos padrões aceitáveis na engenharia moderna - que trabalha com projetos computadorizados e equipamentos de alta precisão. "Um desvio aceitável seria em torno de cinco ou dez centímetros. Esse desvio é muito grande", explica Roberto Kochen, diretor de engenharia civil do Instituto de Engenharia. O Estado apurou que o Consórcio Via Amarela está trabalhando com a hipótese de distorção topográfica causada por interferências nos equipamentos. Como estes equipamentos são de alta precisão, se eles caem no chão, por exemplo, eles podem perder algumas marcações. Em nota, o consórcio defende-se dizendo que "esses equipamentos são eletrônicos e de última tecnologia, e são aferidos anualmente, conforme procedimento aprovado pelo Metrô." Ainda conforme a nota, o "desalinhamento de 80 centímetros em um túnel com diâmetro de 1 mil centímetros é de fácil correção, a ser executada na seqüência dos trabalhos." Outra hipótese que é levanda em consideração pela consórcio é a de ter havido discreta movimentação em marcos de referência topográfica. Segundo diretor de engenharia civil do Instituto de Engenharia, essa seria a explicação mais aplicável neste caso. "Falar que houve erro no projeto é irreal, porque todos os procedimentos são computadorizados. Acredito que algum caminhão pode ter movimentado os marcos e isso deu uma diferença mínima no ângulo dos trabalhos de escavação", explicou Kochen. Em nota oficial, a  Via Amarela minimiza o incidente. "Com relação ao processo de construção, é preciso ressaltar que é absolutamente normal que haja um pequeno desalinhamento no encontro de túneis", afirma um comunicado emitido pela assessoria de imprensa do consórcio, que é formado pela Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e deve receber do governo do Estado aproximadamente R$ 2 bilhões para a construção total da linha.

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