Equipe caça-fumaça é quase toda cor-de-rosa em São Paulo

Levantamento mostra que as mulheres são maioria (67,5%) entre os fiscais do fumo no Estado

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Por Fernanda Aranda
Atualização:

O colete bege "insosso" não combina muito com o perfil majoritário de quem veste o uniforme obrigatório dos fiscais antifumo, uma vez que os acessórios quase sempre são salto alto, brincos e maquiagem - não dá para sair sem batom quando o ambiente de trabalho são bares, restaurantes e casas noturnas, dizem. As mulheres são maioria entre os agentes que fazem a "esquadrilha da fumaça". Levantamento feito entre os 250 que fazem parte da equipe do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) mostra que elas somam 67,5% dos escalados para fiscalizar as normas do cigarro.

 

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E a idade média de quem vai cuidar dos estabelecimentos infratores também contrasta um pouco com a faixa etária do público que frequenta as baladas. A maior parte já está na casa dos 45 anos. "Quando comecei nas blitze educativas, pensei: Nossa! Como as pessoas saem à noite, mesmo tendo de trabalhar no dia seguinte. Achei impressionante", conta Anna Cláudia Del Nero, de 43 anos, a nova fiscal do fumo. "Eu me candidatei porque acredito na causa e por causa do ‘plus’ no salário. A gente ganha plantão extra em cada blitz", afirma. Anna não tinha uma vida noturna tão ativa desde os tempos de jovem, mas está em plena forma para ser chamada de "tia".

 

Os agentes terão remuneração extra para a fiscalização, que será de seis horas diárias, incluindo sábados, domingos e feriados. Para ser fiscal antifumo é preciso ter diploma universitário. A profissão de dentista, exercida por Anna, responde por 13,6% do grupo, perdendo apenas para as enfermeiras, categoria que soma 17,2%. Em terceiro entre as profissões dos fiscais aparece a engenharia (12,4%), seguida por medicina veterinária e farmacêutica, cada qual com 10,4%. Um dos critérios de seleção foi a experiência mais longa em vistoria de estabelecimentos. "Eles estão capacitados para abordar proprietários com cordialidade", afirma a diretora da Vigilância, Maria Cristina Megid.

 

E também aprendem a "engolir sapos". "Em uma das blitze no Jardins, eu fui humilhada", lembra Anna. "O fumante me xingou de tudo quanto é nome, em voz alta. Mas o que recompensa é que na maioria dos locais somos recebidos de braços abertos." Para quem grita, ela retoca o batom, dá de ombros e continua a vistoria.

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