'Equipamentos foram distribuídos, mas nunca utilizados'
Controlador-geral do Município diz que dinheiro gasto em aparelhos do Samu poderia ter sido usado para comprar 60 ambulâncias
Entrevista com
Roberto Porto
Entrevista com
Roberto Porto
30 de abril de 2015 | 03h00
A Prefeitura de São Paulo pagou R$ 9,9 milhões por um sistema de informatização para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que nunca funcionou. Os equipamentos adquiridos, chamados de toughbooks (um tipo de notebook mais resistente), foram considerados ultrapassados e estão guardados no almoxarifado do serviço. A tecnologia foi considerada cara, obsoleta e sem compatibilidade até com os sistemas atuais do Samu. Em entrevista ao Estado, o controlador-geral do Município, Roberto Porto, explica como ocorreu a investigação sobre o tema:
Como começou a investigação?
No início da gestão o secretário, nos primeiros 3 meses, teve contato com esse contrato. Ele verificou que os aparelhos não tinham utilidade nenhuma e eram incompatíveis com os sistemas da saúde. Além disso, havia um contrato de manutenção altíssimo. Ele cancelou o contrato e demitiu os responsáveis. Foi aí que se iniciou a auditoria.
Não houve instalação dos equipamentos?
Eles foram distribuídos, mas nunca foram utilizados. A atividade-fim do contrato nunca foi feita. Isso é mais grave pelo seguinte: o processo foi feito em duas etapas. Houve quantidade enorme de dinheiro gasta na primeira. Não tinha a menor razão para terem efetuado a segunda compra, já que os equipamentos não foram usados. Com esse montante, o município poderia ter adquirido 60 novas ambulâncias para o Samu.
A gestão Kassab afirma que o sistema estava em perfeito estado e houve desistência da nova gestão.
Isso não é uma questão subjetiva, é técnica. Ele não serve para a finalidade que se destina. Pedimos à Prodam que fizesse laudo técnico para avaliar se o sistema teria algum resultado e fomos informados que não.
Foi uma falha no edital? Teria como evitar este problema?
O básico quando você faz uma compra é verificar se aquilo é compatível com o sistema atual. Isso agora será aprofundado e investigado, até para o município pedir o ressarcimento do valor aos responsáveis.
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