'Equipamentos foram distribuídos, mas nunca utilizados'

Controlador-geral do Município diz que dinheiro gasto em aparelhos do Samu poderia ter sido usado para comprar 60 ambulâncias

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo pagou R$ 9,9 milhões por um sistema de informatização para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que nunca funcionou. Os equipamentos adquiridos, chamados de toughbooks (um tipo de notebook mais resistente), foram considerados ultrapassados e estão guardados no almoxarifado do serviço. A tecnologia foi considerada cara, obsoleta e sem compatibilidade até com os sistemas atuais do Samu. Em entrevista ao Estado, o controlador-geral do Município, Roberto Porto, explica como ocorreu a investigação sobre o tema: 

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Como começou a investigação?

No início da gestão o secretário, nos primeiros 3 meses, teve contato com esse contrato. Ele verificou que os aparelhos não tinham utilidade nenhuma e eram incompatíveis com os sistemas da saúde. Além disso, havia um contrato de manutenção altíssimo. Ele cancelou o contrato e demitiu os responsáveis. Foi aí que se iniciou a auditoria.

Não houve instalação dos equipamentos?

Eles foram distribuídos, mas nunca foram utilizados. A atividade-fim do contrato nunca foi feita. Isso é mais grave pelo seguinte: o processo foi feito em duas etapas. Houve quantidade enorme de dinheiro gasta na primeira. Não tinha a menor razão para terem efetuado a segunda compra, já que os equipamentos não foram usados. Com esse montante, o município poderia ter adquirido 60 novas ambulâncias para o Samu.

 Foto:

A gestão Kassab afirma que o sistema estava em perfeito estado e houve desistência da nova gestão. 

Isso não é uma questão subjetiva, é técnica. Ele não serve para a finalidade que se destina. Pedimos à Prodam que fizesse laudo técnico para avaliar se o sistema teria algum resultado e fomos informados que não. 

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Foi uma falha no edital? Teria como evitar este problema?

O básico quando você faz uma compra é verificar se aquilo é compatível com o sistema atual. Isso agora será aprofundado e investigado, até para o município pedir o ressarcimento do valor aos responsáveis.

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