Entrevista com o designer Todd Bracher

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Por Edison Veiga
Atualização:

Todd Bracher formou-se em 1996 em desenho industrial no Pratt Institute, em Nova York, e se especializou em design de interiores e de móveis na Danmarks Designskole, em Copenhagen. Enquanto estudava na Dinamarca, Todd participou de diversas exposições e ganhou seus primeiros prêmios importantes: IDEE Deisgn Award, Tóquio; I.D. Design Award, Nova York e o Promosedia Design Award, Udine, todos em 2000. Em 2001 ele fundou o Todd Bracher Studio e, entre 2001 e 2003, foi Designer Sênior do Studio Giorgio Marianelli, em Milão. Na Europa desenhou para as marcas Tom Dixon e Jaguar.   Seus móveis e objetos de decoração são produzidos por empresas como Zanotta, Fritz Hansen, Georg Jensen, Mater and Habitat, entre outras. Suas criações, que variam de objetos de decoração a móveis, desenhos gráficos e concepções de lojas, renderam prêmios como o Design 21 Award, concedido pela Unesco em 2001; o I.D. Design Award, em 2001 e 2004; o Best Debut Design Brand', pela Wallpaper em 2007 e recentemente o Best New Designer pela International Contemporary Furniture Fair.   - Já esteve em São Paulo? Como definiria nosso design urbano? Nunca estive por isso prefiro falar sobre isso depois.   - Desde 2006, há uma lei em São Paulo que proíbe publicidade exterior. Em sua opinião, essa é uma boa solução para melhorar o aspecto visual da cidade? Eu diria que o tudo ou nada não é a abordagem certa. Deveria haver uma forma equilibrada para anunciar dentro do contexto da cidade. A publicidade é uma outra camada da cidade, que muda constantemente permitindo que a cidade continue a ser atual e viva com a sua época... A publicidade dentro da cidade deveria ser unificada e limpa. Esta é uma questão mundial e não exclusiva para o Brasil. Reduzir a desorganização, mas permitindo a cidade a se manifestar em todas as diferentes formas, incluindo a publicidade que é essa uma parte vital de uma identidade cultural.   - Essa mesma lei trouxe um efeito colateral: fachadas mal conservadas de prédios velhos ficaram à mostra, escancarando uma feia realidade. Em sua opinião, como isso pode ser solucionado? Se renovação não é uma opção eu teria que estudar mais aprofundadamente a situação para, em seguida, tomar uma decisão.   - Em uma cidade que restringe tanto a publicidade exterior, como as empresas deveriam agir para reforçar suas marcas? Talvez haja vias alternativas, tornando as lojas um destino, mais do que apenas uma loja apoiada por um anúncio na rua.   - Em termos de design, quais são (e onde funcionam) as melhores soluções para o mobiliário urbano? Eu diria que em um lugar onde o "equipamento urbano" é natural, e não escolhido pela cidade. Um local onde o equipamento evoluiu, sem ter sido escolhido por um planejador urbano. Uma solução natural.   - Se você fosse convidado para desenhar os pontos de ônibus de São Paulo, como seria o projeto? Quais seriam suas principais preocupações? Eu adoraria a oportunidade de estudar o desenho de um ponto de ônibus em São Paulo. Existem muitas preocupações no momento de conceber uma peça para uma dessas cidades. Inicialmente, além da ergonomia, e para o ambiente, eu ia prestar muita atenção no equilíbrio entre a arquitetura e a rua... Essa transição expressada pelo ponto do ônibus, e como ela se sente sobre a paisagem arquitetônica. Conceber uma peça que pode funcionar visualmente (e, é claro, funcionalmente) nos vários contextos da cidade, desde o centro financeiro, às áreas comerciais, às zonas subdesenvolvidas. Deve haver uma solução universal para toda a cidade ... Isto me parece o maior desafio.   - Muito se fala em sustentabilidade hoje em dia. Como mesclar projetos eficientes em termos de urbanismo com tecnologias verdes? Por que tais projetos ainda são tão mais caros? Eu sinto que isto acontece porque o volume de produção é ainda demasiado baixo. Até os fornecedores terem grandes volumes, os custos continuarão elevados.   - São Paulo tem dezenas de parques - nem todos tão funcionais, nem todos bem conservados, nem todos muito usados. O que um parque precisa ter para conseguir atingir plenamente suas funções? Quais são essas funções?   Muito grande a pergunta para responder nos poucos minutos de que disponho. Parques são para mim um lugar para se sentir frescor sob os pés. Uma mudança no concreto que o cerca. Este fato torna os parques importantes por duas razões: um é para ser apreciado como uma alternativa para o concreto e o vidro dos arredores, e em segundo lugar para tornar o concreto do entorno ainda mais bonito em contraste com o suave verde dos parques, que nos permitem desfrutar de fato a cidade, e não como uma fuga, mas como um contraste dela.   - Se pudesse escolher um projeto para fazer em São Paulo, qual seria? Qualquer coisa que me pode ter impacto na vida para torná-lo melhor.

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