Entrevista com o designer Karim Rashid

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Por Edison Veiga; de O Estado de S. Paulo
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Karim Rashid se formou em desenho industrial na Carleton University de Ottawa, em 1982, e em seguida foi para a Itália, onde trabalhou com Gaetano Pesce, Ettore Sottsass e Rodolfo Bonetto. Três anos depois ganhava seu primeiro de muitos prêmio: uma menção honrosa pelo sofá Spider, no Progressive Architecture International Competition. Como designer, produziu para marcas como Alessi, Dirt Devil, Umbra, Prada, Miyake, Method, Fauchon, Mikasa, Sony, Giorgio Armani, Hyundai, Cytibank, Swarovski, a brasileira Melissa e muitas outras.   Nesses anos, produziu mais de 2.500 objetos de design e desenvolveu vários projetos nas áreas de produtos, design gráfico, design de interiores, moda, aquitetura, mobiliário e arte. Seus trabalhos constam no acervo permanente de 14 museus pelo mundo, incluindo o MoMA em NY. Foi premiado pela ID Magazine's Annual Design Review em quatro anos seguidos. Foram dele também os prêmios de Melhor Hotel de Design da Europa em 2005, Best Retail Store em 2003, Red Dot Award em 2005 e 2006, Pratt Legends Award 2005, Electronic House 2008 Product of the Year e vários outros.   Karim Rashid também publica livros e já gravou dois CDs. Este ano, lança duas luminárias, uma em metal e outra em vidro produzidas pela brasileira Via Light Iluminação.   - Já esteve em São Paulo (quando)? Como definiria nosso design urbano?   Depois de várias visitas ao Brasil sinto que estou aprendendo muita coisa sobre design e arte contemporânea brasileira. Recentemente tive a grande oportunidade de visitar a Bienal e uma retrospectiva brasileira de arte. Eu também tenho visitado o MAM, Tomie Ohtake, MUBE, (quais outros?) e tantos museus de São Paulo, Rio e Niterói, por isso que tenho me familiarizando com a arte brasileira. Estou familiarizado com a grande história da moderna arquitetura brasileira, música e moda. Acho que o Brasil é um espantoso epicentro para a cultura, a arte e o design.   - Desde 2006, há uma lei em São Paulo que proíbe publicidade exterior. Em sua opinião, essa é uma boa solução para melhorar o aspecto visual da cidade?   Sim, se o foco estiver no design. Design tem o poder de reconstruir as nossas vidas. Design é a construção de toda a nossa paisagem. Design é crítica para os nossos ambientes domésticos, de nossos modos de transporte, para os nossos hospitais, nossos produtos, nosso tudo. Creio que o importante não é só super-embelezar os objetos - para manter uma certa veracidade a um produto -, mas também acredito que objetos precisam de um toque sensual, têm necessidade de elevar uma certa experiência, e eles precisam ser humanos. Meu trabalho é um casamento de compostos orgânicos e pura geometria, de tecnologia e materiais.   - Em uma cidade que restringe tanto a publicidade exterior, como as empresas deveriam agir para reforçar suas marcas?   O mundo está se tornando esteticamente muito consciente e conhecedor de informações. A energia e os tempos são hipertróficos e contemporâneos. A sociedade está perpetuamente interessada em ser estimulada, animada sobre o seu ambiente físico. É o resíduo da era digital. Se o mundo virtual é tão flexível, de forma personalizada, tão complexa e tão estética, por que não o mundo físico? Eu vejo o nosso novo ambiente doméstico cada vez mais casual, mais tecnológico, mais estético, democrático e, mais envolvente, resultando em um ambiente suavemente personalizado - um sensualismo - mínimo, mas orgânico - inspirado por meio de uma estética digital.   - Muito se fala em sustentabilidade hoje em dia. Como mesclar projetos eficientes em termos de urbanismo com tecnologias verdes? Por que tais projetos ainda são tão mais caros?   Hoje um designer acumula muitas responsabilidades. Ele ou ela sabe o resultado de um produto, a vida de um objeto, e as ramificações que o objeto ou o material tem sobre o nosso ambiente. Eu começo com isso em mente sempre. Mesmo nos controversos argumentos de excesso, de sustentabilidade, de sedução de mercado, eu creio que um novo objeto poderia substituir três. Isto depende da utilização de novas tecnologias, novos materiais e, naturalmente, de uma melhor concepção. Tenho trabalhado com empresas para reduzir as suas linhas de montagem, agilizar a produção, aumentar a sua eficiência e elevar a qualidade do produto que fazem. Atuo como um editor de design ou editor cultural de nosso mundo físico.   - São Paulo tem dezenas de parques - nem todos tão funcionais, nem todos bem conservados, nem todos muito usados. O que um parque precisa ter para conseguir atingir plenamente suas funções? Quais são essas funções?   De modo ideal, nossos ambientes públicos devem transpirar energia positiva, altas experiências, design contemporâneo, um novo conforto que é uma extensão da nova era da casualidade e bem-estar espiritual - um lugar para desfrutar, relaxar, conviver, trabalhar e envolver experiências memoráveis.   - Se pudesse escolher um projeto para fazer em São Paulo, qual seria?   Uma casa plástica, um carro híbrido, um condomínio, uma linha de vestuário inteligente, um ser humano, um avião, uma internet-rádio... a lista é enorme.

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