31 de março de 2009 | 10h40
Muita gente estranhou quando apenas o Botafogo apresentou proposta para ficar com o Estádio Olímpico João Havelange após os Jogos Pan-Americanos de 2007. Afinal, o Engenhão era (e é) a arena mais moderna do Brasil. E outros dois grandes do Rio, Flamengo e Fluminense, não têm estádio. Usam o Maracanã.
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Um ano e meio depois, a explicação veio à tona. O Engenhão virou mico. "Pagamos um aluguel barato, R$ 40 mil mensais, mas a manutenção é caríssima: R$ 500 mil/mês", revelou o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção. O clube corre para renegociar dívidas com companhias de água e energia.
Um dos exemplos de desperdício do Engenhão é o sistema de ar-condicionado. Semelhante ao de um shopping center, precisa ficar ligado 24 horas por dia. "Isso não faz o menor sentido para um estádio", explica Assumpção. A intenção do Botafogo é terceirizar a administração do João Havelange.
"Vamos contratar uma empresa que entenda do assunto, porque o Botafogo não entende", admite o cartola. Duas propostas estão sendo analisadas, a decisão sai até o meio de abril. "Esses profissionais vão ter de baixar os custos e aumentar as receitas, por meio do aluguel do estádio a shows e outros eventos."
O Engenhão é apontado por Luís Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians, como o exemplo a ser seguido caso o clube consiga a concessão do Pacaembu.
Mas há diferenças entre os dois projetos. "O Engenhão não se paga só com futebol", diz Assumpção. Em julho, o estádio vai virar palco para show de Zeca Pagodinho. Nos fins de semana sem jogo, é sede de feirões de automóveis usados. Eventos que ajudam a pagar as contas, mas que não podem ser realizados no Pacaembu, patrimônio histórico da cidade.
O presidente do Botafogo reclama ainda da dificuldade de acesso ao João Havelange. O Paulo Machado de Carvalho, ao contrário, é o estádio mais bem localizado de São Paulo. Assumpção admite precisar de ajuda da Prefeitura do Rio para deixar o estádio viável economicamente. Em São Paulo, o Corinthians terá de caminhar com as próprias pernas. "Chegamos ao limite no Pacaembu", avisou Walter Feldman, secretário municipal de esportes.
O Botafogo arrendou o Engenhão por 20 anos. Em 2007 e 2008, o estádio deu prejuízo. O clube ganhou uma casa, mas ela custa mais que alugar outra. A esperança é que em 2010 e 2011, quando o Maracanã for reformado para a Copa de 2014, o Engenhão vire a principal arena do futebol carioca. "O melhor é o Corinthians contratar uma empresa para administrar o Pacaembu ou perderá dinheiro."
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