Empresário confirma esquema de propina na região serrana do Rio

Em CPI, ele disse que reunião com prefeitura de Teresópolis definiu divisão de recursos em contratos de R$ 100 mi

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Por Tiago Rogero e RIO
Atualização:

O dono da empresa RW Engenharia, José Ricardo de Oliveira, confirmou ontem que participou do esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propina com verbas destinadas à reconstrução de Teresópolis, na região serrana do Rio, após os temporais de janeiro deste ano. Ele depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio que investiga os responsáveis pela tragédia na região. O empresário disse que na segunda quinzena de janeiro participou de uma reunião na Secretaria de Planejamento da cidade, quando foi discutida a elevação de 15% para 50% da propina paga por empresas. Ele afirmou que, por não aceitar o novo porcentual, deixou de receber do município, e então decidiu denunciar o esquema ao Ministério Público Federal (MPF). "No caso de Teresópolis, já existem inquéritos no MPF e também no Ministério Público do Estado. Vamos transcrever os depoimentos de hoje e encaminhar às duas instituições. Nos próximos dias, a CPI ouvirá pessoas ligadas a Nova Friburgo", disse o relator da comissão, deputado Nilton Salomão (PT). No depoimento, o dono da RW Engenharia citou outra empresa, a Vital Engenharia. O gerente jurídico da Vital, Cláudio Pontual, que também depôs na CPI, negou todas as acusações e se comprometeu a enviar cópia dos contratos. O dono da RW Engenharia procurou o MPF em abril para denunciar o esquema em troca de delação premiada. Segundo ele, empresários e secretários municipais se reuniram para dividir os contratos e recursos federais, em um total de R$ 100 milhões. A suspeita de corrupção causou o afastamento por 90 dias do prefeito Jorge Mario Sedlacek (sem partido). O vice-prefeito, Roberto Pinto (PR), que assumiu na sexta-feira, morreu na madrugada de ontem, vítima de enfarte. Na tarde de ontem, tomou posse o presidente da Câmara, Arlei de Oliveira (PMDB).

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