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Empresa quer fazer torres em 18% de parque

Vizinhos são contra obra, na Augusta, e pedem área verde; Prefeitura avalia desapropriação

Por Tiago Dantas
Atualização:

Um terreno de 24 mil metros quadrados entre as Ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, na Consolação, região central, está no meio de uma polêmica entre proprietários, Prefeitura e vizinhança há mais de cinco anos. Para tentar resolver o imbróglio, o dono da área pretende apresentar neste mês uma nova proposta: construir duas torres em 18% da área e manter, no restante, um parque aberto ao público.A ideia, porém, deve encontrar a resistência de moradores da região, que criaram, há sete anos, o movimento Aliados do Parque Augusta. O objetivo do grupo é pressionar a Prefeitura a desapropriar o terreno e criar um parque público. Eles não aceitam que parte da área seja cedida para a construção dos dois edifícios. O governo municipal, por sua vez, ainda analisa a viabilidade da implementação do parque no local.Duas construtoras mostraram interesse em executar a obra. Antes de pedir a autorização para o empreendimento, no entanto, as empresas precisam esperar que vença o prazo de um decreto de utilidade pública emitido pela Prefeitura em 2008 - o então prefeito Gilberto Kassab (PSD) havia sinalizado com a possibilidade de comprar a área. O documento perde a validade no dia 18, caso a Prefeitura não faça a desapropriação.Um possível entrave para a realização do empreendimento nos próximos meses é que, no ano passado, o município publicou outro decreto de utilidade pública, complementar ao primeiro. Esse segundo documento tem validade até 10 de março de 2017. O empresário Armando Conde, proprietário do terreno desde 1996, acredita que a primeira data está valendo e pretende enviar a documentação para a Prefeitura já em agosto.A ideia é levantar duas torres, de até 20 andares cada: uma destinada a escritórios comerciais, com entrada pela Rua Augusta, e outra, com apartamentos residenciais, fazendo frente para a Rua Caio Prado. "Tudo foi projetado para que os prédios não atrapalhem o bosque. A localização deles foi feita de um jeito que não façam sombra nas árvores. O piso da calçada será permeável. Tudo foi pensado", afirma o empresário. Exposição. Conde pretende montar, em breve, um escritório com fotos do parque e perspectivas de como ele vai ficar para tentar convencer a vizinhança de que sua ideia é boa. Após ser reformado, o parque seria aberto antes mesmo de os prédios ficarem prontos. E, embora esteja dentro de uma área privada, o uso da área verde seria permitido a qualquer um, segundo o empresário. Conde propôs que uma associação seja montada, com integrantes do bairro, para cuidar do bosque. Os argumentos não convencem o movimento Aliados pelo Parque Augusta. "O que a gente quer é um parque lá naquele terreno, pois ele já tem as configurações para isso. Qualquer metro quadrado que seja tirado, ele deixará de ser um parque e haverá o risco de que a área seja usada muito mais pelos condôminos do que pelo resto da população", disse Sérgio Carrera, um dos integrantes do grupo. "É um oásis no centro. Se destruírem esse parque, acabou." A área do imóvel é quase a mesma do Parque Buenos Aires. Em 30 de novembro de 2009, o Departamento de Desapropriação da Prefeitura avaliou o terreno em cerca de R$ 55 milhões. Estima-se que o valor esteja mais alto agora, principalmente depois que o mercado imobiliário voltou suas atenções ao Baixo Augusta. Atualmente, um estacionamento funciona no local.

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