Empresa apresenta proposta para nova ligação entre SP e o litoral sul Estradas terão faixa adicional

Antigo plano do governo, de construir estrada entre Trecho Sul do Rodoanel e a cidade de Itanhaém, avança com possibilidade de PPP

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Por CAIO DO VALLE e JORNAL DA TARDE
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Estudada há anos pelo governo do Estado, a nova ligação rodoviária entre São Paulo e o litoral sul pela Serra do Mar avançou um passo no sentido de sua construção. A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu no fim de 2011 a primeira manifestação de interesse de uma empresa para executar o prolongamento do Trecho Sul do Rodoanel até Itanhaém. A obra deve ser uma Parceria Público-Privada (PPP), mas ainda não há data para começar. A Contern Construções e Comércio Ltda., que sinalizou ao governo o interesse de construir, manter e operar essa extensão, informou que os estudos serão desenvolvidos "nos próximos meses". Juntamente com a Cibe, a empresa compõe o consórcio SPMar, que em março assinou contrato para a concessão do Trecho Sul do Rodoanel e construção do Trecho Leste. Ambas pertencem ao Grupo Bertin.Os principais defensores da nova estrada são as prefeituras do litoral sul, que reivindicam acesso próprio à capital, ou seja, menos dependente do Sistema Anchieta-Imigrantes, que liga São Paulo à Baixada Santista e costuma ficar congestionado em feriados. A projeção é de que, com a nova estrada, a viagem do Rodoanel até Itanhaém dure cerca de meia hora - quase um terço do tempo da duração da viagem hoje em dia. Petróleo. A autorização para construir a rodovia existe desde 1997, quando o governador Mário Covas (PSDB) sancionou lei autorizando a contratação de uma empresa para fazer as obras, o que nunca ocorreu. "Vai servir para acompanhar o desenvolvimento da região em virtude do pré-sal", diz o secretário de Governo de Itanhaém, Silvio Lousada. Segundo ele, dez novas plataformas da Petrobrás estão previstas para serem instaladas naquela parte do litoral nos próximos cinco anos, ampliando a demanda por meios de transporte rápidos. Ainda não existe previsão da extensão da via, mas, em linha reta, a distância entre o Trecho Sul do Rodoanel e Itanhaém é de cerca de 50 km.A Secretaria de Estado de Logística e Transportes informou que está fazendo estudos sobre a ligação, mas também vai analisar propostas da iniciativa privada, como a enviada pela Contern. O governo afirma que ainda não há prazo para concluir os estudos.Os principais questionamentos em relação à proposta são de ambientalistas, já que a nova via terá de cruzar a Serra do Mar, um dos poucos resquícios de Mata Atlântica nativa nos arredores da capital. Ambiente. O ambientalista Maurício Waldman, doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), explica que a obra poderá trazer prejuízos ecológicos. "Essas áreas funcionam como um cinturão verde em torno da metrópole. A longo prazo, também pode haver problemas de ocupação do solo, como desvio de drenagem natural, desequilíbrios climáticos e de saneamento", critica.Outra preocupação de especialistas é em relação à infraestrutura das cidades do litoral sul para receber um fluxo extra de turistas. É o que diz o ex-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), engenheiro Luiz Célio Bottura. "Sem enxergar que isso vai avacalhar a qualidade balneária, como no Guarujá, especuladores imobiliários imediatistas estão loucos para que isso aconteça."Outras obras viárias de grande porte estão planejadas para começar neste ano. Segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), as principais rodovias do Estado, como Imigrantes, Raposo Tavares, Anhanguera, Bandeirantes, Ayrton Senna e Castelo Branco, ganharão faixas de tráfego adicionais, que deverão ser inauguradas a partir de 2013. As obras de expansão devem aliviar gargalos no acesso à capital e ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, além de facilitar o deslocamento entre cidades pequenas do interior, que sofrem cada vez mais com picos de trânsito em trechos curtos. A primeira obra deve começar ainda neste mês na pista norte da Imigrantes, sentido capital. A criação da 5.ª faixa facilitará a vida de quem mora em cidades da Baixada Santista ou do ABC e trabalha em São Paulo. Ela deverá ser inaugurada no ano que vem.

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