Emerson Fittipaldi, o campeão de velocidade

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Por Redação
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SÃO PAULO - "Mudou muito. Antes o autódromo era mais aberto, todo o público chegava mais perto", recorda-se o ex-piloto Emerson Fittipaldi, de 65 anos, primeiro brasileiro a ser campeão mundial de Fórmula 1 - ele ganhou os títulos de 1972 e 1974 (em 1989, foi campeão da Indy). O Autódromo de Interlagos, oficialmente José Carlos Pace, é sua casa. "Aqui ganhei duas vezes (em 1973 e 1974). E vim tantas outras, e venho tanto, que não tem como não me sentir à vontade", comenta.

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Mas não é só essa intimidade com o público que mudou. O circuito também é outro, tantos ajustes e reformas. Na maior delas, em 1989, vários trechos foram redesenhados. "Melhorou bastante a segurança", pontua o bicampeão. "Mas, tecnicamente, o circuito antigo era um desafio maior."

O pódio onde Emerson comemorou a vitória de 1974 (na foto abaixo) não existe mais. Hoje, o palco da vitória fica um lance de escadas acima dos boxes. Na época, era ali em frente, no nível do asfalto, a poucos metros da bandeirada - exatamente onde o Estado refez a foto.

O entorno de Interlagos também mudou. Há quase 40 anos, havia muito mato, poucas casas, praticamente nenhum prédio por ali. Hoje, das partes mais altas do autódromo, pode ser visto um mar de edifícios - que, durante os dias de GP Brasil, transformam-se em camarotes ocasionais para fãs de automobilismo que querem fugir dos altos preços dos ingressos.

Nas mãos, Emerson carrega um outro troféu. "Esse aqui é o único prêmio em usufruto no mundo", brinca. E explica: seu neto Pietro, de 15 anos, atual campeão da categoria Limited Late Model, da categoria Nascar, quis presenteá-lo com a taça.

"Disse que eu não podia aceitar, pois esse troféu, por ser o primeiro, seria muito importante para a carreira dele", conta Emerson. Diante da insistência do garoto, ficou decidido que, sim, a taça permaneceria sob a guarda do avô. "Mas, quando eu partir desta, o troféu volta para ele, sem discussão", afirma.

Naquele 27 de janeiro de 1974, quando venceu o GP Brasil, Emerson não tinha nenhum filho. Juliana, a mais velha dos sete, nasceria em julho. Ela é a mãe de Pietro, o campeãozinho da família - um dos seis netos de Emerson.

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"Não posso reclamar de nada na minha vida. Tive muita sorte em correr tantos anos em alto nível competitivo", comenta, satisfeito. "E, pensando no que se passou dessa foto antiga para hoje, vejo que hoje tenho muito mais experiência de vida. E tive o privilégio de conhecer o mundo interior e ter amigos no mundo inteiro", afirmou, logo após atender uma ligação em inglês no seu celular.

As amizades internacionais de Emerson sempre foram notórias. Em 1996, após sofrer grave acidente em Michigan, que significaria o encerramento de sua carreira na Fórmula Indy, o piloto recebeu uma grande homenagem do amigo ex-Beatle George Harrison (1943-2001): uma paródia da música Here Comes The Sun - em que "The Sun" virava "Emerson". O carinho entre os dois não se limitava à paixão do músico pela velocidade. Com as respectivas famílias, passaram muitas férias juntos.

Presente. Com o apoio da Prefeitura, o ex-piloto confirmou que trará para o Autódromo de Interlagos uma etapa do Campeonato Mundial de Marcas. As 6 Horas de São Paulo serão disputadas entre 13 e 16 de setembro. "É meu presente para São Paulo", diz Emerson. "A cidade será a primeira e única do mundo a ter os três grandes eventos do automobilismo mundial: além da F1 e da Fórmula Indy, agora também teremos o Mundial de Marcas. Vai ser um evento espetacular."

Para ele, São Paulo merece. "Sou paulistano, mais paulistano do que eu impossível", diz. "Nasci na Avenida Paulista. E hoje vejo como São Paulo, apesar de todos os problemas, transformou-se em uma cidade respeitada mundialmente."

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