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Embargada, obra que matou um em março continua em andamento

Reportagem flagrou funcionários trabalhando em construção na Av. Liberdade; proprietário alega que obras são de emergência

Por Artur Rodrigues e Luciano Bottini Filho
Atualização:

SÃO PAULO - Apesar de embargada pela Prefeitura de São Paulo, a obra onde uma pessoa morreu em 1º de março, nos números 720 e 736 da Avenida Liberdade, na região central, continua em andamento. A reportagem foi até o local na manhã desta terça-feira (3) e flagrou três operários trabalhando no local. A construção que desabou matou o auxiliar de limpeza Marco Antonio dos Santos, de 51 anos, que passava pela calçada. Na ocasião, o prédio ruiu totalmente e uma grande cratera se formou. Nesta terça a obra já estava em situação avançada. Um galpão já estava quase completamente construído. Um dos funcionários parecia fazer o reboco de uma parede.O advogado do proprietário do imóvel, Thomas Nicolas Chryssocheris, disse que as obras em andamento são apenas emergencias. De acordo com ele, um laudo pericial demonstrou que o desabamento foi provacado por um vazamento da Sabesp. A Secretaria de Comunicação esclareceu que o Código de Obras e Edificação do município e seu não prevee o emparedamento da obra embargada. Esse instrumento, segundo a pasta, é previsto em questões que envolvem licença de funcionamento.  A Prefeitura informou que avisou a Polícia Militar do desrespeito ao embargo no dia 21 de junho comunicaram a PM que o embargo estava sendo desrespeitado, o que significaria crime de desobediência. No dia 23 de agosto, o Município encaminhou o ofício 1774-SPC, por meio do gabinete da Subprefeitura da Sé, para abrir um inquérito policial a respeito do assunto. 

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O delegado titular do 1º DP (Sé), José Sampaio Lopes Filho, disse que não localizou nenhum registro de ocorrência sobre crime de desobediência relativo à obra. A delegacia é responsável pelo inquérito do desabamento. Segundo Lopes Filho, o inquérito já foi encaminhado para o fórum, mas ainda não há confirmação da denúncia pelo Ministério Público.

Segundo o delegado, dois engenheiros e o proprietário do imóvel foram indiciados por homicídio doloso. Só estamos esperando laudo pericial que está vindo para a delegacia e iremos mandá-lo para o juiz", disse ele. "A polícia não tem o poder de parar a obra . A prefeitura, entendo, podia parar".

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