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Em visita a São Paulo, peregrinos poloneses revezam entre reza e feijoada com caipirinha

Grupo de 30 jovens veio para a Semana Missionária, passeou por atrações como Mercadão e Museu do Ipiranga e segue para o Rio para ver o papa

Por Nataly Costa
Atualização:

Com música, feijoada, caipirinha e até futebol, o almoço servido quarta-feira em uma rua pacata da zona leste de São Paulo poderia fazer parte de um encontro entre amigos, uma refeição de boas vindas para “gringos”, uma comemoração. E era tudo isso, mas com uma motivação especial. Quem organizou a feijoada foi a Paróquia Santa Clara, na zona leste de São Paulo, e quem experimentava (com moderação) o pé de porco e as caipirinhas eram os 30 jovens poloneses católicos que vieram para a Semana Missionária, evento pré- Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que acontece em todo o Brasil. 

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O grupo de 20 garotas e 10 rapazes (todos na casa dos vinte e poucos anos) ficou hospedado em diversas casas de família na zona leste, a maioria nas imediações da paróquia, no bairro simples da Vila Santa Clara. A comunicação se deu basicamente por gestos – as famílias só falavam português e a maioria dos jovens só entendia a língua nativa, alguns arranhavam o inglês. “Lá em casa teve uma hora que travou. Abri o computador e recorremos ao Google mesmo”, conta o pároco João Batista Dinamarques, que, além de comandar as atividades da igreja, foi anfitrião de dois poloneses. “No final, acabamos falando o ‘amorês’, a língua do amor”. 

Prova de que o idioma definitivamente não foi barreira, o almoço da quarta foi precedido de orações e cantoria nas duas línguas. Na fila da feijoada, dona Marlene e dona Antônia, aposentadas e cozinheiras voluntárias da paróquia, eram como qualquer avó brasileira. “Pega mais, meu filho. Você é muito magrinho”, dizia uma. “Vai comer só isso? Não quer uma farofinha?”, perguntava a outra, em bom português. Pareciam ser entendidas. 

Vindos de Varsóvia, mas oriundos de diversas cidades na Polônia, os jovens foram treinados durante um ano em reuniões, aulas e estudos da Bíblia coordenados pelo padre Artur Pytel, que veio com o grupo. Apesar da pouca idade, nem todos eram novatos em JMJ. Agniesaka Karia, de 21 anos, por exemplo, foi ao evento de Madri em 2011 e pretende, em setembro, passar um ano viajando como voluntária em missões católicas. “É incrível ver todos esses jovens unidos para compartilhar a fé”, disse. 

Claro que a fé estava ali sendo compartilhada o tempo todo, mas que os poloneses também tiveram muita atividade extracurricular, isso tiveram. Foram ao Shopping Anália Franco, jogaram bingo, comeram pizza, foram ao Mercadão e ao Museu do Ipiranga. Entre uma coisa e outra, rezaram e ensaiaram danças polonesas no pátio da paróquia ou nas cozinhas das casas de família. Vez ou outra, um deles era visto entrando discretamente na igreja para fazer orações individuais. 

“Ninguém aqui nos conhecia, só ouviram falar que viriam uns poloneses e mesmo assim acolheram a gente tão bem”, conta o padre Artur Pytel. De São Paulo, eles seguiriam hoje para o Rio para encontrar o Papa. 

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