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Em SP, seca de 7 semanas já ameaça o abastecimento de água no interior

Situação é mais crítica nas regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba, que tiveram fornecimento ampliado pelo Sistema Cantareira

Por Ricardo Brandt e CAMPINAS
Atualização:

Sem chuvas há 49 dias, o nível dos rios que abastecem as regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba começou a baixar e ameaça o fornecimento de parte dos 5 milhões de habitantes dos municípios que integram a bacia hidrográfica do Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ). Outras cidades do Estado também sofrem com a secura - a baixa umidade relativa do ar tem elevado a ocorrência de queimadas.Com o clima beirando os níveis de deserto (10% de umidade), o Sistema Cantareira, que retira água da Bacia do Piracicaba para armazenamento e abastecimento de grande parte da capital paulista, precisou ter o volume de água liberado de volta para o interior praticamente dobrado. Desde sexta-feira, os três reservatórios do sistema aumentaram a vazão liberada de 4 mil litros por segundo para 7,5 mil l/s.Quem gerencia o sistema é a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que garante que não há riscos para a capital (mais informações nesta página). A decisão de rever o fluxo foi tomada pela Câmara de Monitoramento Hidrológico do Comitê do PCJ, e busca evitar que Campinas, Jaguariúna, Americana e Piracicaba sofram desabastecimento neste e no próximo mês."A água que liberamos nos reservatórios do Cantareira demora 15 dias até chegar a Piracicaba", explica o coordenador da Câmara de Monitoramento, responsável pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) em Campinas, Astor Dias de Andrade. "Hoje ainda não estamos vivendo uma situação crítica, com falta de água. Mas a liberação é necessária porque em um cenário de mais seca nos próximo dias é preciso se antecipar ao problema."Nessa região, o problema já é sentido em São Pedro, que adotou racionamento para alguns moradores entre 13h e 17h. "Meus sobrinhos precisam ir para casa de parentes onde têm água e há dias que chegam a dormir sem tomar banho", explica a comerciante Renata Madazio Saia, de 33 anos.Em Piracicaba, a queda no volume do rio é visível. Seu nível, que é de 2,10metros na medição da Rua do Porto, já baixou 65centímetros e é possível ver as pedras no fundo. Já Americana, abastecida pelo Rio Piracicaba, enfrenta problemas de captação. Por retirar água em um ponto não tão profundo do leito, a queda abrupta do nível colocou em alerta o Departamento de Água e Esgoto (DAE). O município solicitou o aumento de vazão do Sistema Cantareira. Em Campinas ainda não há risco imediato de desabastecimento, mas a vazão do Atibaia, principal fonte de abastecimento local, caiu de 20 mil l/s para 15 mil l/s.Seca. A estiagem também afeta a saúde pública e representa risco maior de incêndios para a Defesa Civil. "Estamos em alerta em toda a região. Sem chover há 48 dias e com a umidade do ar em queda, há riscos para a saúde pública", afirma o coordenador regional de Campinas da Defesa Civil Estadual, Sidnei Furtado. "Além disso, começou a ventar e com esse clima seco qualquer fagulha pode virar um grande incêndio", explica Furtado.A Defesa Civil de Campinas registrou até agora 42 focos de queimadas perto de reservas de mata. No mesmo período do ano passado, houve 24 queimadas. O aumento dos registros também ocorre em outras regiões do País que sofrem com a secura (como em Brasília, veja abaixo).Em Ribeirão Preto, onde a queima da palha da cana só é liberada à noite no período de estiagem, até mesmo por motivos de saúde, foi necessário ampliar a restrição nesta semana, vetando qualquer incêndio. Além disso, o consumo cresceu 40% desde agosto e a cidade já teme problemas no abastecimento. No domingo, um incêndio destruiu 800 mil metros quadrados (o equivalente a 80 mil campos de futebol) de uma plantação de eucalipto em Salto de Pirapora, na região de Sorocaba. O Corpo de Bombeiros, que mobilizou o helicóptero Águia, da Polícia Militar, levou mais de sete horas para conter o fogo. /COLABOROU RENE MOREIRA, ESPECIAL PARA O ESTADO

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