
26 de junho de 2011 | 00h00
O distrito da periferia paulistana onde há mais casais homossexuais é a Brasilândia, na zona norte. São 127. Logo depois aparecem a Cidade Ademar (122 casais), na zona sul, e a Cidade Tiradentes (116 casais), na zona leste. Já no Itaim-Bibi, por exemplo, vivem 114 casais, e em Moema, também na zona sul, vivem 87 cônjuges.
Em toda a cidade, 7.527 pessoas declararam morar com um cônjuge do mesmo sexo. Os distritos preferidos pelos casais gays ficam mesmo no centro, em uma área onde há espaços de convívio e tidos como de maior tolerância: República (551 casais) e os vizinhos Bela Vista (386 casais) e Consolação (324 casais) encabeçam a lista. Logo depois, aparecem Jardim Paulista (303 cônjuges declarados) e Santa Cecília (293 casais).
"Os dados demonstram que não existe em São Paulo o modelo de gueto: a população LGBT se espalha por todo o território urbano. Mostram também a diversidade de estilos de vida e de classe social dos quais fazem parte esses grupos", diz a antropóloga Isadora Lins França, do Núcleo de Estudos do Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Das bordas para o centro, também há um movimento intenso de migrações internas. Mas muitos optam por ficar nos bairros onde sempre viveram, perto da família ou por não ter condições de mudar para o centro."
Foi o que aconteceu com Everton Mendes, de 29 anos, e Cássio Camargo, de 32, que vivem em Itaquera, na zona leste, desde 2005. Dono de salão de beleza, Everton nasceu no bairro, mudou-se para o centro na adolescência, mas resolveu voltar - abriu um negócio e afirma não ter mais vontade de deixar Itaquera. "Hoje até minha mãe mora conosco e estamos na fila para a adotar uma criança, nossa futura filha", conta Everton. "Preferimos a vida mais tranquila do que a agitação do centro. A família toda por perto também ajuda a encarar as dificuldades."
A jornalista Fernanda Estima, de 42 anos, e a fisioterapeuta Juliana Lora de Sá, de 35, decidiram morar no centro. Fernanda vivia na Lapa e se mudou para Santa Cecília com seu filho João Pedro há três meses, quando foi morar com a parceira. "Você se sente mais à vontade na região central, pois tem muito mais gays, lésbicas e travestis. Mas, até por causa disso, é a região da cidade onde mais têm ataques homofóbicos. É uma contradição", diz. Ela conta que quase foi vítima de um ataque no ano passado. "Liguei para a polícia", diz.
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