Em São Paulo, feriado tem queda no turismo, mas praias ficam cheias

Pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, cerca de 151 mil carros viajaram em direção ao litoral desde quinta-feira, quantidade menor do que os 388 mil do ano passado. Mesmo assim, praias registraram grande movimento, como em Guarujá

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Por Gonçalo Junior
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Mesmo com o cancelamento do ponto facultativo de carnaval no Estado de São Paulo e a adoção de regras para banhistas e comerciantes para conter a pandemia, as praias do litoral paulista registraram grande movimento neste sábado, 13. As praias de Guarujá, por exemplo, estiveram cheias mesmo com o tempo nublado e risco de chuvas.

O movimento nas praias, no entanto, é menor do que no passado. De acordo com a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, cerca de 170 mil carros viajaram em direção ao litoral desde quinta-feira. A previsão é de que 215 mil façam o percurso. No ano passado, o número foi de 388 mil veículos em todo o feriado de carnaval. 

Em Guarujá, cada quiosque pode oferecer 10 guarda-sóis, com duas cadeiras cada, mas regras nem sempre são seguidas Foto: Prefeitura de Guarujá

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Para conter a transmissão do novo coronavírus, cidades como Santos, Guarujá e São Vicente montaram barreiras sanitárias nos principais acessos para impedir a entrada de ônibus e vans de turismo. A prefeitura de Santos informou que duas vans de turismo foram barradas na entrada da cidade, na Avenida Martins Fontes, nas primeiras horas de fiscalização, na madrugada de sábado.

Na praia da Enseada, uma das mais movimentadas do Guarujá, o analista de Sistemas Diego Ribeiro, de 34 anos, decidiu manter a viagem com a família decidida no início do ano, pois a empresa em que trabalha, do setor de alimentação, só vai retomar as atividades na quarta-feira. Também ajudou o desconto de 30% oferecido pelo hotel à beira-mar pelo pacote de quatro dias. No litoral norte, pacotes de R$ 6500 sofreram reduções significativas e caíram pela metade, valor da baixa temporada. “A programação do trabalho já havia sido feita no início do ano, com compensação de horas. Sem desfiles de blocos ou escolas de samba, a única diversão é viajar”, diz.

A falta de eventos carnavalescos em São Paulo também motivou a viagem da família do engenheiro Carlos Camargo, de 54 anos. E ele decidiu viajar mesmo tendo de trabalhar na segunda-feira. “Eu volto para trabalhar e a família continua na praia. Depois de um ano de pandemia, a gente precisa ter alguns momentos de lazer. É preciso respirar”, diz.

Do outro lado do balcão, o cancelamento do carnaval frustrou os comerciantes. Com uma caixa de isopor ainda cheia de batidas naturais no início da tarde na praia de Pitangueiras, a vendedora ambulante Tamires Barbosa, de 40 anos, apostava no carnaval para equilibrar a renda enquanto aguarda a definição do pagamento das novas parcelas do auxílio emergencial. Foi com esse dinheiro que ela equilibrou o sustento dos filhos de 2 e 4 anos. Ela é divorciada. “A gente que depende do trabalho informal está sofrendo muito na pandemia. Qualquer feriado é uma esperança. Sem carnaval, nossa luta vai continuar, não sei de que jeito”, diz.

Os gestores de quiosques reduziram a contratação de pessoal para o feriado mais esperado do ano. Em um deles, ainda no Guarujá, os 20 funcionários que trabalhariam no feriado foram reduzidos para dez. Muitos relatam que não reforçaram os estoques. 

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Todas as praias estão liberadas, com restrições. E cada cidade determina suas regras. Em Santos, vale a proibição do uso de guarda-sóis, esteiras, tendas e barracas por banhistas. Só são permitidos esportes individuais, com uso da máscara facial. A Guarda Civil Municipal prometeu reforçar o controle na orla a partir deste sábado. A prefeitura de Mongaguá orienta os veranistas a utilizarem as praias apenas para atividade física. Em São Vicente, a Secretaria de Trânsito e Transportes orienta os motoristas sobre as medidas necessárias para evitar a propagação da covid-19. Bertioga e Itanhaém permitem excursões, mas elas devem ser agendadas e os turistas têm de comprovar hospedagem nas cidades. As prefeituras garantem que estão seguindo as diretrizes da fase amarela do Plano São Paulo, com capacidade máxima limitada a 40% de ocupação para todos os setores.

Mas nem sempre as regras são obedecidas à risca. Em Guarujá, cada quiosque pode oferecer 10 guarda-sóis, com duas cadeiras cada. Mas os comerciantes tiveram dificuldade para controlar os assentos. O limite de guarda-sóis foi respeitado, mas não o número de pessoas em cada um. O uso de máscara se tornou raridade nas areias. “Se chega uma família com quatro pessoas, eu não tenho condições de separar”, defende-se Valdomiro Costa, dono de um quiosque.

A muvuca se formava também com as famílias que traziam seus próprios guarda-sóis. Uma família vinda de Santo André, no ABC paulista, chegou com o item de proteção à praia de Pitangueiras no final da manhã. Eram seis pessoas. Todos se sentaram, abriram um cooler de bebidas e se acomodaram, meio espremidas à sombra do guarda-sol.

Em outras praias, as más condições do tempo diminuíram as aglomerações no primeiro dia do carnaval. Foi o caso da praia Martim de Sá, em Caraguatatuba, que parecia reviver os dias mais restritivos da pandemia, com poucos quiosques e grandes vazios nas areias. Em Santos, o movimento também foi abaixo do normal. Os comerciantes apostam que a recuperação do turismo na região vai se consolidar apenas com a ampliação da campanha de vacinação. 

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