28 de março de 2013 | 02h02
Quando a Tropa de Choque avançou sobre os lotes, os moradores decidiram levar o que era possível, incluindo material usado para construir as casas, na tentativa de diminuir o prejuízo. Uma janela de alumínio custa entre R$ 250 e R$ 300, dinheiro demais para pessoas como a costureira Dolores Alves da Costa, de 53 anos, que vive com o marido e os filhos no terreno. "Foi um desespero muito grande. Tentei salvar o que dava e, por isso, tirei a janela. Agora, estou esperando para colocar de novo", disse.
Perto dali, o serralheiro Edvan Gonçalves da Silva, de 26 anos, auxiliava um vizinho a recolocar as telhas arrancadas. "Ajudo agora, e ele me ajuda depois. Assim, é rapidinho. Sozinho, fica difícil fazer qualquer coisa."
Durante a saída forçada, houve quem perdesse os móveis. Foi o caso do auxiliar de confecção Francisco Borgenes, de 47 anos. "De um guarda-roupa de seis portas, tive de fazer uma cerca. Quebrou tudo", afirmou.
Segundo os moradores, a presença da Polícia Militar no terreno deixou marcas que vão além dos buracos provocados pelas balas de borracha em muros e vidraças. "As crianças ficaram tão impressionadas que, hoje, começaram a brincar de polícia. Meu filho de 8 anos, que é especial, tomou uma pancada na cabeça", disse a dona de casa Emilene Rodrigues Siqueira, de 37 anos.
Espera. Durante a tarde, os moradores chegaram a se reunir à espera do prefeito Fernando Haddad (PT), que acabou cancelando a ida ao local. Segundo a secretária municipal da Assistência Social, Luciana Temer, o mau tempo impediu o voo de helicóptero até a zona leste.
Em nota, a PM afirmou anteontem ser descabido dizer que agiu de forma truculenta e que só "reagiu às pedradas e agressões de uma minoria de moradores". "Imagens de TV e da própria PM demonstram cabalmente que não houve abusos", disse. / W.C.
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