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Em meio às estatísticas da onda de violência na Grande SP, as histórias de dez vítimas

Por Artur Rodrigues , Pablo Pereira e VALÉRIA FRANÇA
Atualização:

Um estudante da Universidade de São Paulo, uma criança de 1 ano, um bombeiro aposentado, um microempresário, uma policial. Enquanto o governo do Estado mantém o discurso de que tudo está sob controle, anônimos continuam morrendo sem saber por que na onda de violência que assola a Grande São Paulo. O Estado foi atrás da história de dez dessas pessoas e descobriu que, diferentemente do discurso oficial, muitas delas não foram mortas "em uma disputa entre quadrilhas rivais". Algumas foram confundidas com policiais, outras simplesmente estavam na rua na hora errada. O início dessa guerra aconteceu em 28 de maio deste ano. Naquele dia, policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) mataram seis criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC). Um deles, Anderson Minhano, de 31 anos, foi executado após ser preso e desarmado pelos policiais militares, segundo apontou investigação da Polícia Civil. Apesar das evidências contra os três policiais, todos acabaram inocentados. Mas a facção criminosa não perdoou esta e outras mortes que se seguiram. Em uma carta de 8 de agosto, o PCC decretou a morte de dois policiais para cada bandido morto. Até agora, já foram 92. Para o acerto de contas, são eleitos bandidos em dívida com a facção, que matam para não morrer. Muitas vezes em atentados covardes, como o que matou a soldado Marta Umbelina da Silva, de 44 anos, na frente da filha. Após o início das execuções de PMs, atiradores misteriosos, muitos deles de moto, começaram a atacar nas ruas. Muitas das vítimas morreram diante de casa, quando chegavam ou saíam. Até o momento, a polícia não divulgou a prisão de nenhum responsável por execuções desse tipo. Na periferia, esses criminosos acabaram sendo apelidados de "motoqueiros fantasmas". Contando com a impunidade, eles assombram as noites de São Paulo e ameaçam engrossar a lista de vítimas inocentes.

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