Em Indaiatuba, cobrança divide colônia suíça

Moradores reclamam que pedágio afetou a economia da região e bloqueou direito de ir e vir

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Por Felipe Grandin
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O agricultor Pedro Wolf passou dois anos estudando paisagismo na França para plantar violetas em seu sítio em Indaiatuba. Ao voltar, gastou R$ 60 mil em uma moderna estufa, com sistema de irrigação, controle de temperatura e ventilação especial para suas flores. O negócio ia bem até 2007, quando os clientes simplesmente pararam de chegar.Naquele ano foram instalados bloqueios de pedágio na entrada do bairro Helvetia, onde está a propriedade de Wolf e por onde se acessa a Rodovia Santos Dumont. Para comprar as tulipas, os clientes passaram a pagar para entrar e sair. "Ficou mais barato comprar em Holambra", lamenta. Aos 58 anos, o agricultor hoje planta verduras, que vende na região pela metade do preço. E afirma que o dinheiro da estufa foi jogado fora. "Estão acabando com a fonte de sobrevivência e expulsando o pequeno produtor", diz.Assim como Wolf, outros habitantes da região se sentem prejudicados pela instalação do bloqueio, que, segundo eles, afetou a economia e afastou visitantes. A barreira dividiu ao meio a comunidade (que fica dos dois lados da estrada). Com isso, é preciso pagar para ir de uma parte a outra. Helvetia é uma colônia suíça formada por imigrantes que chegaram ao Brasil em 1854. Das 26 famílias saídas da cidade de Obwalden, restam 400 descendentes. Quem usa carro com placas de Indaiatuba não paga pedágio. Mas o restante dos cerca de 8 mil descendentes de suíços que frequentam a colônia - e se reúnem nos fins de semana em eventos folclóricos e festas -, sim."Atrapalha a vida religiosa e social", diz o secretário paroquial da Igreja de Helvetia, Hélio Amstalden, de 66 anos. "Só para chegar à missa, é preciso pagar R$ 17,60 (ida e volta). Bloquearam nosso direito de ir e vir. Cobram pedágio apenas para atravessarmos a estrada."Rota de fuga. A Colina, concessionária da Rodovia Santos Dumont, informa que o bloqueio foi instalado para impedir que a colônia fosse usada como rota de fuga do pedágio principal. Diz ainda que os carros de Indaiatuba estão isentos e a instalação da praça foi autorizada pelo governo estadual.

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