SÃO PAULO - Era por volta de meia-noite quando Ozziel Evangelista, acompanhado dos agentes – um deles com uma metralhadora –, chegou à Rua Apóstolo Tiago Maior. A presença das viaturas já levou a uma fuga em massa dos que participavam do evento e o fechamento quase imediato dos bares no entorno. O denunciante era anônimo: enviou mensagem pelo Facebook. “Este é bairro evangélico, conservador, de família”, dizia.
O prefeito regional foi à frente dos policiais, filmando com o celular na mão e postando nas redes sociais. “Bagunça aqui NÃO”, escreveu aos seguidores. “Vai chegando nosso efetivo. Pessoal com moto e carros estavam fazendo baderna aqui e se retiraram. É a Operação Sono Tranquilo, para garantir o sossego da população de bem da Cidade Tiradentes.”
Poucos minutos após o fim da abordagem, acontece o primeiro conflito: um rapaz, de idade não identificada, começa a xingar os policiais e GCMs, que respondem com cassetetes. Garrafas e pedras começam a ser atiradas contra os policiais, que avançam com a viatura. “Ele ofendeu os policiais e, quando foi abordado, resistiu”, informou um dos agentes questionados. Após a briga, o jovem acabou liberado.
Gás de pimenta. Em toda a noite do dia 19 de novembro, houve abordagens em 14 locais, 2 deles registrados como “pancadões”. No último caso, na tabacaria Smoking Bars, na Avenida dos Têxteis, o confronto teve spray de pimenta e até uma “vassourada” – que um dos policiais atirou contra a cabeça de um dos funcionários do bar autuado. A briga começou após os responsáveis alegarem que estavam apenas “limpando” o local. A PM afirmou usar o gás para conter tumultos, após “encerradas as negociações verbais”.
Um funcionário se exaltou com o prefeito regional. “Vai ficar mentindo? Vem para cima, então”, disse, antes de partir na direção de Evangelista para agredi-lo. Ele se defendeu, segurando no pescoço do rapaz e, na sequência, todos os policiais começaram a agredir o homem e outros que acorreram.
Não foi a primeira briga de Evangelista. No início do mês, levou uma garrafada na ação. “Eu não quero atrapalhar a vida de vocês, quero trabalhar. É o meu ganha-pão, sustenta meus filhos”, disse o dono de bar.”Eu entendo”, rebateu o regional. “Mas vocês precisam estar dentro da lei. Não mando nada, só faço a lei ser cumprida.”