Em assembleia dividida, metroviários decidem suspender greve

Governo não voltou atrás da decisão de demitir 42 funcionários

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Por Bruno Ribeiro , Rafael Italiani e Caio do Valle
Atualização:

Atualizada às 23h41

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Após cinco dias de greve, e de o governo do Estado definir a demissão de 42 funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), os metroviários decidiram, na noite desta segunda-feira, 9, suspender a paralisação pelo menos até quinta-feira. Nesta terça e quarta, as cinco linhas devem voltar a funcionar normalmente (nesta segunda, houve operação parcial na 1, na 2 e na 3) e o rodízio de veículos volta a valer. Uma nova assembleia deverá ocorrer na quarta, mas a categoria já definiu paralisação na quinta, data da abertura da Copa do Mundo.

O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, afirma que a única reivindicação a partir de agora é o retorno dos demitidos. “A intenção do governo é intimidar, demitindo só 42 e não todos os funcionários que pararam.”

“Informamos o seu desligamento da Companhia por justa causa a partir de 9/6/2014”, dizia o telegrama enviado a 42 funcionários pela manhã. “É um abalo muito grande. Estou sendo demitido por lutar pelas condições de trabalho para todo mundo”, afirmou um dos operadores, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, a demissão de operadores foi uma estratégia para enfraquecer o movimento, sem negociar.

Assembleia que decidiu pela suspensão da greve transcorreu em clima de tensão Foto: José Patrício/Estadão

À tarde, durante reunião na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) entre a Secretaria de Transportes Metropolitanos e sindicalistas, o representante do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros, afirmou que o presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, estava até disposto a readmitir 40 dos 42. Mas a iniciativa foi barrada pelo Palácio dos Bandeirantes. Em nota, o Metrô destacou que a greve foi declarada abusiva pela Justiça no domingo - o que justificaria as demissões.

“Não há acordo e não haverá readmissão em hipótese nenhuma”, rebateu o secretário dos Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes, na saída da DRT. Questionado sobre o risco de a paralisação se estender até quinta-feira, dia da abertura da Copa na Arena Corinthians, como definiu a assembleia, o secretário de Alckmin minimizou. “Não, não. A greve está acabando. Estamos com 77% das estações abertas.” 

Dessa reunião participaram ainda representantes de várias centrais sindicais, incluindo Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Conlutas, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB). Outros grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Movimento Passe Livre (MPL), fizeram passeata pelo centro, em favor dos metroviários. 

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O protesto ocorreu após confronto entre grevistas e a Tropa de Choque na Estação Ana Rosa. Por causa disso, havia ainda o temor de o número de demitidos aumentar. Ao todo, 13 metroviários foram detidos para averiguação pela polícia e tiveram de assinar termos circunstanciados (crime de menor potencial ofensivo) por “paralisação de trabalho de interesse público”. Fernandes, porém, afirmou que o caso ainda será analisado. “Não sei se vamos processar, porque parece que eles não fizeram nenhuma violência.”

Tensão. Presidente do sindicato, Prazeres foi voto vencido durante a assembleia. Ele orientou a categoria a manter a paralisação. A votação foi tumultuada e houve empurra-empurra. Os metroviários que quiseram retornar foram, principalmente, condutores e seguranças.

Ao registrar a confusão, o fotógrafo André Liohn, blogueiro do Estado, recebeu uma “gravata” de um dos grevistas. Coube ao próprio presidente do sindicato acalmar os ânimos. “O que quer que seja decidido aqui, será acatado por todos”, disse.

O sindicato informou que ainda vai avaliar o que fazer sobre a multa por descumprir a ordem de parar a greve. Embora o Ministério Público do Trabalho tenha decidido aguardar o fim das negociações para cobrá-la, os bens do sindicato foram congelados nesta segunda por decisão do Tribunal Regional do Trabalho. 

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