28 de janeiro de 2013 | 02h04
A tragédia teve impacto político e cultural. O prefeito de Buenos Aires na época, Aníbal Ibarra, foi alvo de processo de impeachment e destituído dois anos depois. Ele foi acusado de não ter fiscalizado o local. A carreira política de Ibarra, que despontava como líder progressista, implodiu. À época cotado para a sucessão presidencial, é hoje deputado estadual. Na calçada da discoteca, há um santuário para homenagear os mortos. Os parentes fizeram marchas frequentes para exigir justiça.
A vida noturna portenha sofreu uma drástica mudança. Várias discotecas foram fechadas pela fiscalização municipal. Nos anos seguintes, as grandes discotecas fizeram modificações anti-incêndios.
No entanto, especialistas afirmam que essas mudanças foram mais uma "maquiagem" do que realmente eficazes.
Na noite da tragédia, o dono da casa noturna, o empresário Omar Chabán, personagem conhecido da noite, havia autorizado a venda de entradas em número três vezes superior à capacidade da Cromañón.
Além disso, Chabán e seus sócios costumavam deixar as portas de emergência fechadas para evitar, segundo argumentaram, que entrassem "penetras".
Muitas jovens, fãs da banda de rock Callejeros, que tocava naquela noite, eram mães e haviam levado seus bebês. Elas chegaram a montar uma creche improvisada. Vários bebês morreram asfixiados.
Pena. Chabán foi uma das primeiras pessoas a saírem da boate quando o incêndio começou. Ficou olhando da calçada, até que foi reconhecido por uma garota, que lhe deu um tapa na cara. O empresário acabou condenado a 20 anos de prisão.
Ele apelou à Justiça, que revisou a pena dada anteriormente. O novo tribunal concedeu nova pena, desta vez de 10 anos e 9 meses de prisão.
Ontem, os parentes das vítimas da discoteca Cromañón, reunidos na organização Que Não Se Repita, emitiram comunicado no qual expressaram sua comoção e solidariedade com os parentes das vítimas da discoteca Kiss em Santa Maria.
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