
17 de janeiro de 2011 | 00h00
Nos últimos dois meses e meio, o volume de água que atingiu a região serrana foi quase igual ao total da média anual. "Do início do mês a 15 de janeiro, choveu aproximadamente 400 milímetros, 110% acima da média normal - 209 milímetros", diz a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo. No dia da tragédia, quando começou a chover, a terra não conseguia mais absorver uma gota de água, segundo a meteorologista. "Ela já estava encharcada e passou a escorrer mole, sem controle, avançando sobre a cidade muito além do que conseguiria naturalmente."
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Janeiro sempre foi o mês do ano com o maior volume de água. Mas o Sudeste do País está sob a influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, um dos fenômenos climáticos que potencializam as precipitações.
O professor Augusto José Pereira Filho, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, explica que a tendência de chuvas intensas deve perdurar, pois os meses de janeiro têm se mostrado mais chuvosos a cada ano. "Isso pode ser atribuído não às mudanças climáticas globais, mas às mudanças antrópicas nas cidades." O processo de urbanização das grandes e médias cidades contribui para a formação de ilhas de calor e de pancadas de chuvas.
Já está em fase de testes no Instituto Nacional Pesquisas Espaciais (Inpe) um sistema de prevenção a desastres naturais. Segundo o climatologista do instituto, José Marengo, o sistema deve começar a funcionar em dezembro. Mas serão necessárias parcerias com Estados e municípios para que os alertas cheguem à população. "Os dados deverão ser colocados na internet, mas nem todas as pessoas em áreas de risco têm acesso ao computador ou estão conectadas."
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