Eliana Tranchesi, dona da Daslu, é presa e levada ao Carandiru

Dona da butique já foi presa uma vez em julho de 2005; nova prisão é continuação da Operação Narciso da PF

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Por Pablo Pereira e Solange Spigliatti
Atualização:

Eliana Tranchesi, 53, dona da butique Daslu, foi presa na manhã desta quinta-feira, 26, pela Polícia Federal. Ela foi detida em sua casa, na zona sul da capital, e levada para o Presídio Feminino do Carandiru, na zona norte. Esta é a segunda vez que Eliana Tranchesi é presa pela PF sob acusação de sonegação fiscal.

 

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A juíza da 2º Vara Federal de Guarulhos, Maria Isabel do Prado, proferiu a sentença condenatória do Caso Daslu pelos crimes formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documentos. Eliana foi condenada a 94 anos e seis meses de prisão.

 

Segundo a Justiça Federal, ao definir a pena, a juíza também determinou o recolhimento à prisão do irmão da empresária, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, diretor financeiro da empresa na época dos fatos, e de Celso de Lima, dono da maior das importadoras envolvidas com as fraudes, a Multimport.

 

Eliana foi levada para a Penitenciária Feminina do Carandiru, de onde pode ser transferida ainda nesta quinta para a sede da PF, na Lapa, para prestar depoimento. Albuquerque e Lima foram encaminhados para o Cadeião de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, segundo informações da Polícia Federal.

 

Os advogados da dona da butique Daslu devem entrar com pedido de habeas corpus ainda nesta quinta, segundo informações da advogada criminalista Joyce Roysen. A equipe ainda não teve acesso à decisão da 2º Vara de Justiça Federal de Guarulhos.

 

Segundo nota da advogada, "embora ainda não tenhamos tido acesso ao teor da sentença, consideramos absolutamente injusta e desprovida de racionalidade a condenação de Eliana Tranchesi. Lamentamos que as pressões exercidas pela acusação desde o início do processo tenham obtido êxito em induzir um julgamento errôneo".

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Ainda de acordo com a nota, os advogados lamentam que "a sentença tenha sido acompanhada de uma excêntrica ordem de prisão, providência já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2003, no julgamento da Reclamação Constitucional 2391, e amparada em legislação que não seria aplicável ao caso nem mesmo em tese".

 

De acordo com a PF, estão sendo cumpridos sete mandados de prisão e outros sete mandados de busca e apreensão, com a finalidade de franquear acesso dos policiais aos condenados, única e exclusivamente. Duas diligências, de acordo com a PF, ainda estão em curso e duas pessoas já são consideradas foragidas.

 

Operação Narciso

 

As prisões estão relacionadas à Operação Narciso, que foi desencadeada pela Polícia Federal em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público em julho de 2005, e teve como objetivo a busca de indícios dos crimes de formação de quadrilha, falsidade material e ideológica e lesão à ordem tributária cometida por sócios da Daslu.

 

Em 2005, a operação cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão contra sonegação fiscal e contrabando em São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná.

 

As investigações sobre o suposto esquema de contrabando e de fraude fiscal envolvendo a Daslu começaram em outubro de 2004, com a apreensão de uma nota fiscal da Gucci que estava em um contêiner no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica.

 

A nota mostrava a venda direta da grife italiana para a Daslu enquanto outra nota, a que foi apresentada à Receita Federal, dizia que a mercadoria havia sido exportada por uma de Miami (EUA) para uma importadora no Brasil.

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Na época, escutas telefônicas demonstraram que acusados no caso estavam planejando a queima de documentos sobre a fraude. Policiais federais revistaram a Daslu, apreenderam documentos e prenderam a proprietária da loja, Eliana Tranchesi, e seu irmão, além de dois outros acusados.

 

Texto ampliado às 12h para acréscimo de informações.

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