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Eletropaulo se livra de multa por apagão de junho em 10 cidades de SP

Para STJ, empresa não pode ser punida por atraso no restabelecimento após blecaute

Por Mariângela Gallucci
Atualização:

BRASÍLIA - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) livrou a Eletropaulo de pagar multa por atraso no restabelecimento do fornecimento da energia em casos de apagão. Por causa dos blecautes de junho deste ano, a concessionária de energia havia tido multa fixada em R$ 500 mil pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

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"Não é possível São Paulo, a quarta maior metrópole do mundo, ficar horas sem energia elétrica", afirmou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em julho, após uma série de apagões. O maior ocorreu no mês anterior, quando Santo André e Embu das Artes ficaram quatro dias no escuro. A Eletropaulo ainda foi multada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), em R$ 31,6 milhões, e pelo Procon, em R$ 4,7 milhões.

Na área judicial, a multa aplicada foi derrubada ontem pelo STJ. Procurado, o governo do Estado informou que só se pronunciará após ser notificado. Por 6 votos a 3, os integrantes da Corte Especial rejeitaram um recurso do Estado do Procon que queriam a punição nos casos em que a energia não é retomada após quatro horas de interrupção do fornecimento. A decisão anterior, do Tribunal de Justiça, fixou a autuação em R$ 500 mil.

Mas a maioria dos ministros que participaram do julgamento no STJ concordou com a avaliação de seu presidente, Ari Pagendler. Em liminar de setembro, ele já destacava que a segurança da população, principalmente em área alagada, merece cuidados que podem exigir mais do que quatro horas.

O caso chegou à Justiça quando o Estado de São Paulo e o Procon paulista protocolaram ação civil contra a concessionária. Na ação, argumentava-se que havia uma má prestação de serviços e se questionava a capacidade operacional da Eletropaulo para reagir com rapidez e eficiência a problemas decorrentes de eventos naturais, como tempestades e vendavais. Na ação, foi pedida também fixação da multa por atraso no restabelecimento do serviço.

Rejeitado em um primeiro momento pela Justiça de 1.ª instância, o pedido foi aceito pelo TJ paulista. Na decisão, um dos desembargadores do tribunal afirmou que era notório que a Eletropaulo tinha deixado de prestar serviço de qualidade durante o apagão, a ponto de certos locais da Região Metropolitana terem ficado mais de 24 horas sem energia, o que provocou prejuízos aos consumidores.

Atropelo. Para Ari Pargendler, o valor da multa fixada pela Justiça, em R$ 500 mil, poderia "atropelar" os cuidados necessários para o restabelecimento da energia com segurança, especialmente em áreas alagadas, podendo levar a danos fatais. A decisão do STJ não tratou do mérito da ação civil, que ainda depende do TJ.

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CRONOLOGIA

9 de junhoBlecaute - Apagão atinge dez cidades e prejudica 600 mil domicílios.

11 de junhoReação do governo - Governador diz que contrato foi descumprido e pede providências à Procuradoria-Geral.

JulhoAutuações e blecaute - A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) aplica duas multas à Eletropaulo por apagões entre 2009 e junho deste ano. No dia 29, uma pane em subestação causou novo apagão e deixou 700 mil sem luz na Grande São Paulo.

NovembroPlano para o verão - A AES Eletropaulo instalou 11 estações meteorológicas para prever onde a chuva vai ser mais forte, reforçou as equipes de manutenção e promete aumentar de 282 para 1,5 mil os religadores de energia.

 

TIRE SUAS DÚVIDAS

A decisão do STJ tira da Eletropaulo qualquer sanção?Não. As punições administrativas estão mantidas e uma ação civil pública segue no TJ-SP.

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E como se faz em caso de prejuízos individuais? Para pedir ressarcimento de prejuízos causados por apagão, como queima de aparelhos, o consumidor deve entrar em contato com a distribuidora em, no máximo, 90 dias. É preciso saber o dia, o mês e a hora em que ocorreu a queima. A distribuidora tem dez dias para avaliar a situação e mais 15 para responder. Se detectado que o aparelho queimou por oscilação ou falta de luz, o ressarcimento pode demorar mais 20 dias.

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