Eleito, novo presidente da Câmara promete levar sessões à periferia

Antonio Donato (PT) teve voto de 46 dos 55 vereadores paulistanos e quer que trabalhos da Casa ocorram também nas subprefeituras

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Atualizado às 13h25

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SÃO PAULO - Eleito presidente da Câmara Municipal de São Paulo por volta das 12 horas desta segunda-feira, 15, com o apoio de 46 dos 55 vereadores paulistanos, o vereador Antonio Donato (PT), de 54 anos, promete levar sessões para bairros da periferia pela primeira vez em 452 anos de história da Casa. Ele afirma que vai fazer uma das três sessões semanais nas subprefeituras espalhadas em 32 distritos paulistanos. O Legislativo municipal paulistano é o mais caro do País, com orçamento anual de quase R$ 600 milhões.

Donato foi eleito sem concorrentes. Até o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab votou na indicação ao petista, após ganhar a vice-presidência da Casa, com a vereadora Edir Sales - a sigla deve agora voltar à base governista de Haddad e arrefecer a obstrução de projetos nas votações previstas para a noite desta segunda-feira e a terça-feira, 16.

Das bancadas da base governista, a surpresa foi o PMDB se abster - o partido ficou fora da Mesa Diretora em 2015. O PR, do vereador Toninho Paiva, ligado ao mercado imobiliário, ficou com a segunda vice-presidência. Até o PSDB votou no petista e ganhou a primeira-secretaria com o vereador Aurélio Nomura, que será responsável por cuidar da pauta da Câmara. 

A Câmara Municipal de São Paulo tem o maior Orçamento do País, de quase R$ 600 mi Foto: Diego Zanchetta/Estadão

Os partidos dizem ter respeitado a "regra da proporcionalidade" das maiores bancadas na composição dos cargos. O PSDB também ganhou a primeira suplência com o vereador Eduardo Tuma, citado recentemente em esquema criminoso de facilitação de alvarás na Prefeitura.

Ex-homem forte da gestão Fernando Haddad (PT) e rifado do governo após seu nome ser citado no escândalo da Máfia do ISS, Donato foi aclamado pelos colegas sem objeções. O petista, ex-presidente do diretório municipal do PT e responsável por coordenar a campanha de Haddad em 2012, volta ao centro da política paulistana após mais de um ano afastado.

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Nesse período de 'sabático', iniciado em novembro de 2013, Donato deixou de ser o mais influente secretário do governo para permanecer como um discreto vereador, que mal ia à tribuna. Permaneceu calado e não fez críticas públicas ao prefeito, apesar de sua saída da Prefeitura ter sido criticada pela alta cúpula do PT.

Donato foi citado por um dos fiscais envolvidos no escândalo da Máfia do ISS como um dos beneficiários do esquema. O parlamentar nega as acusações, classificadas por ele de "levianas." 

Um dos fiscais presos durante o escândalo, Eduardo Horle Barcellos trabalhou no gabinete de Donato de janeiro e abril de 2013. Após esse fato ser revelado na imprensa, no início de novembro de 2013, secretários próximos de Haddad, que vieram do PT de Brasília, defendiam a volta do vereador à Câmara como forma de estancar a crise e tirar o governo do alvo das investigações.

À época, sua saída foi duramente criticada pelo presidente nacional do partido, Rui Falcão. Mas Donato seguiu fiel ao governo, mesmo magoado.

'Uma cidade com realismos regionais tão diferentes necessita do esforço dos vereadores para fazer esse distanciamento do povo ser reduzido', diz Donato Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A volta. Com o seu retorno ao centro do poder da política municipal, Donato também deve levar ao governo, com mais força, as demandas do PT pouco aceitas pelo prefeito Fernando Haddad. As lideranças da sigla ainda criticam o prefeito pelo fato de ele não ter ajudado "com mais afinco" na campanha ao governo estadual de Alexandre Padilha.

O prefeito, por exemplo, não teria se empenhado em pedir "ajuda" aos fornecedores da Prefeitura, como queriam algumas lideranças petistas.

Outra prioridade do novo presidente é ampliar o debate sobre a Lei de Uso e Ocupação do Solo, prevista para ser votada no ano que vem. Donato também quer fazer uma sessão por semana do Legislativo nas subprefeituras. Dinheiro para divulgar suas ações não vai faltar: o Legislativo tem um orçamento de quase R$ 50 milhões para ações de comunicação em 2015, incluindo R$ 20 milhões para a TV Câmara.

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Se conseguir cumprir a promessa, Donato será o primeiro vereador a conseguir levar sessões da Câmara para fora do centro de São Paulo. Desde 1562, quando foi fundada, a Câmara Municipal teve quatro sedes, todas no centro. 

Antonio Donato concede entrevista na tarde desta segunda-feira, 15,após ser eleito presidente da Câmara Municipal de São Paulo Foto: Diego Zanchetta/Estadão

Em seu discurso após a eleição da Mesa Diretora, por volta das 12h49, Donato elogiou o atual presidente da Câmara, José Américo (PT), que foi eleito deputado estadual em outubro graças ao apoio político que o próprio Donato deu à sua candidatura em bairros da zona sul.

"Realizaremos ao longo de 2015 uma sessão por semana nas subprefeituras. Uma cidade com realismos regionais tão diferentes necessita do esforço dos vereadores para fazer esse distanciamento do povo ser reduzido", afirmou Donato.

Ao final da eleição, sobrou de consolo ao veterano Dalton Silvano, do PV, o cargo de corregedor da Câmara em 2015. Criado em 2003, o órgão jamais fez qualquer investigação que apontasse desvio de conduta dos parlamentares. 

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