Como foi o ataque?
Estava clareando e eu ia partir. Fazia manobra quando vi um jovem com uma camisa preta na cara e um facão de dois palmos batendo no vidro do ônibus. O cobrador disse que, ao todo, eles estavam em sete. Gritavam "salta", "salta". Eu pensei em partir com o ônibus, mas o cobrador falou que um deles segurava um revólver. Acabei abrindo a porta para eles entrarem.
O que eles fizeram?
Um deles bateu com a parte cega da lâmina do facão nas minhas costas. Ficou uma marca. Estavam com uma garrafa PET de dois litros de gasolina. Começaram a jogar no ônibus. Pegou gasolina no cobrador, que ficou com muito medo. Achei que ia demorar para queimar. Mas, assim que saí, vi a fumaça preta e o ônibus se incendiou.
Já voltou a trabalhar?
No primeiro dia, eu só chorava. Falava da situação, chorava. Levaram a chave do meu carro, meus óculos. Fiquei um dia com a minha família e acabei me tranquilizando. Colocaram guardas-civis para acompanhar o ônibus nos lugares de risco mais alto. Isso ajudou a acalmar. / B.P.M.