O que o senhor acha sobre trabalhar no plantão judiciário da cracolândia?
Acho que é uma forma de resgatar o amor público. A gente vê alguém tropeçando na rua e vai lá ajudar. Até se vir alguém tentando se matar, é capaz que a gente tente ajudar. Mas, se tem alguém usando droga, o que a gente faz geralmente? Vira as costas. Mas por que isso? Muita gente acha que a pessoa está naquela situação porque quer. E sabemos que não é bem assim.
Como o senhor acha que a Justiça pode ajudar?
A Justiça vai apenas avaliar a aplicação da lei para os casos de internação compulsória. O trabalho maior é dos médicos. E não é uma coisa fácil. O usuário de droga busca alguma coisa naquela pedrinha (crack). Mas minutos depois a euforia passa e ele entra na frustração. Ele vai procurar outra pedra. O tratamento não é só dar remédio. Tem de mostrar para o dependente químico: 'Olha quanta possibilidade você tem. Você vai ter que encontrar a felicidade longe da pedra'.
O senhor já visitou a região? Fui lá (na quinta-feira) ver como é o Cratod. Uma coisa que já percebi é que muita gente do interior está ligando para ter informações sobre o serviço. Esse problema das drogas está em todo lugar. Não é só aqui.