'É só na minha esquina que tem trânsito?'

Responsável pelo JK Iguatemi, ele diz que o shopping está dentro da lei e já tem vergonha das grifes estrangeiras

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Por Redação
Atualização:

No dia em que deveria ter aberto o Shopping JK Iguatemi e recebeu outra negativa da Prefeitura, o empresário Walter Torre afirmou que o Ministério Público, autor da ação que barrou a inauguração do empreendimento, omitiu informações importantes sobre a obra. A principal é que o prazo para a finalização das contrapartidas só termina com a conclusão do complexo, em meados de 2014. Por causa disso, 4 mil funcionários estão em casa e investidores estrangeiros, decepcionados com o País.

Por que o Shopping JK Iguatemi foi barrado pela Justiça?

  Não sei dizer. Tudo o que a lei mandava fazer eu fiz. Não tem no mundo empresa que tenha contribuído tanto para mitigar impactos de empreendimento como a minha. Serão mais de R$ 90 milhões em contrapartida. Mereço uma estátua na avenida. Estou atendendo a todas as exigências da Prefeitura.

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Mas as obras do viaduto, por exemplo, nem começaram. A Prefeitura só nos disse que precisaríamos fazer esse viaduto e as demais obras de contrapartida da segunda fase em 25 de maio. E não tem viaduto em São Paulo feito em menos de três anos. Olha que já avançamos muitos nas licenças. Só falta autorização da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. E, onde não tem árvore, já iniciamos os trabalhos.

O senhor se considera culpado por algum atraso?

  Ninguém me considera culpado. Tenho documentos que comprovam isso. Como posso entregar uma obra se ela não pôde ser feita? É para isso que tem a lei, que determina que contrapartidas que não podem ser executadas por vontade alheia à do empreendedor sejam asseguradas por fiança. Nós depositamos essa fiança, que é de R$ 84 milhões, o dobro do valor estimado para a segunda fase. Mas o Ministério Público não levou isso em conta.

Quanto tempo é preciso para concluir as obras exigidas?

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  O viaduto levará de 11 a 13 meses.

Com a abertura do shopping, qual será o impacto no trânsito?

Nenhum. Sabe por quê? As obras que faltam foram calculadas para quando todo o complexo estiver pronto, o que só deve ocorrer em meados de 2014, quando terminarmos a reforma do antigo prédio da Daslu. O shopping representa apenas uma parte desse conjunto.

Mas a previsão é atrair 20 mil pessoas por dia. Sim, mas o shopping não será um vilão. Pelo contrário. Ele começa a funcionar às 10h, quando acaba o rodízio. E, tradicionalmente, 80% do fluxo nos dias de semana ocorre até 17h. O shopping vai oferecer 6,4 mil vagas, que vão aliviar o trânsito do bairro. Ele vai segurar as pessoas após o trabalho e alongar a saída.

O impacto, então, será maior quando as outras três torres foram abertas?

  Aí sim, porque as pessoas que vão trabalhar nos novos escritórios, por exemplo, devem chegar e sair no mesmo horário. E ainda terá o teatro. Mas isso vai ocorrer só quando tudo estiver pronto. E hoje não está. O Ministério Público não pode omitir essa informação. Deve ter responsabilidade.

Qual é o prejuízo dos envolvidos?

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  É fantástico. Mas o prejuízo, de fato, é a desonra do meu nome, que não tem preço. Tenho vergonha de falar com as companhias estrangeiras que resolveram investir aqui pela primeira vez. São 22 marcas internacionais. Não consigo explicar o que está acontecendo. O que eu falo? Não quero que elas tenham a imagem de que o Brasil não é sério. Mas nem eu tenho vontade mais de investir aqui.

O senhor se considera perseguido?

  Eu não entendo. O Shopping Vila Olímpia, por exemplo, que está no meio do bairro, só teve de arcar com cerca de R$ 600 mil em contrapartida. O Shopping Cidade Jardim tem saída para dentro do bairro, o que é proibido. Cadê o Ministério Público? Só procura coisa errada nos meus negócios, que estão dentro da lei?

O senhor procurou o prefeito Gilberto Kassab?

  Sim. E ele está tentando ajudar, mas há muita pressão do Ministério Público. De todo jeito, espero boas notícias em breve. Afinal, é só na minha esquina que tem trânsito?

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