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''É parte de sua vida que fica esquecida''

Acostumado a ir ao Teatro Municipal uma vez por semana, professor de música se sente 'órfão'

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Por Redação
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Ao menos uma vez por semana, o professor de música lírica e pesquisador Sergio Casoy acostumou-se a sentar confortavelmente nas poltronas de veludo verde da sala principal do Teatro Municipal. Assistia a apresentações de ópera, paixão a que dedica a vida, ou a concertos de orquestra. Com o Municipal fechado desde julho de 2008, Casoy até encontrou alternativas: vai ao Teatro São Pedro, ao Teatro Bradesco, à Sala São Paulo. Ainda assim, diz se sentir como se estivesse "há um ano sem passar em casa". "É como se o bar da esquina fechasse, se a pizzaria do fim de semana não existisse mais. É parte da sua vida que fica esquecida, nesse caso por período longo demais", resumiu o pesquisador, que ainda se ressente da falta que as apresentações da Orquestra Instrumental de Repertório do Municipal faz, nas manhãs de domingos. Casoy sente falta também dos encontros fortuitos. "Encontrava de 10 a 12 amigos, sem que ninguém houvesse combinado. Toda uma "turma" que, aposto, mal pode esperar pela reabertura", conta o pesquisador, autor de Ópera em São Paulo: 1952-2005. "Pisar no Municipal é sentir o peso de sua história. Muitos o veem como segunda casa."Como no caso do Municipal, também há quem tenha uma relação íntima com a Mário de Andrade. A premiada dramaturga Consuelo de Castro, de 64 anos, tem sentimento característico a respeito do atraso na obra da biblioteca, que frequentou ao longo da vida. "É como se eu estivesse "interditada" de frequentar minha própria biblioteca." Consuelo afirma que sente falta das "almas inteligentes" que "habitam" a Mário de Andrade. "É um espaço que sempre senti como se fosse meu. E, nessa qualidade, dá pena saber que não posso utilizá-lo", diz.

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