É oficial: Exército sobe morro, sem prazo para sair

Estado e ministério fecham missão pacificadora; soldados farão patrulhamento e flagrantes e só não poderão entrar nas casas

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Por Glauber Gonçalves
Atualização:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, autorizou a atuação sem prazo definido das Forças Armadas na pacificação das favelas do Alemão e da Penha, no Rio. Diferentemente da 1.ª etapa, uma força de paz, formada com as polícias estaduais, ficará sob comando dos militares, que entrarão nas comunidades. "É importante deixar claro que o comando desta força de pacificação é do Exército. Os efetivos estaduais civis e militares terão seus comandantes intermediários, que estarão submetidos ao comando militar", disse Jobim, após reunião de mais de duas horas com o governador Sérgio Cabral, o secretário da Segurança, José Mariano Beltrame, e representantes das Forças Armadas, ontem. Jobim destacou que os militares exercerão as funções de patrulhamento, revista e prisão em flagrante, mas não poderão entrar nas casas. As Polícias Civil e Militar, além dessas funções, ficarão responsáveis por fazer buscas e apreensões. O governador havia solicitado o apoio até a instalação da UPP no Alemão, em julho, mas o ministro preferiu não definir prazo para a permanência das tropas - que pode até ser estendido, como o Estado adiantou na quarta-feira. Segundo Jobim, mensalmente o comandante da força de paz, que será designado pelo general Adriano Pereira, chefe do Comando Militar do Leste, fará avaliações sobre a continuidade das operações. Tanto o ministro como o governador receberão também informes diários sobre a atuação das forças. Ainda não há definições sobre a data de início da atuação da força de paz e o número de homens envolvidos, mas o governador prometeu decisões rápidas. "Não é coisa de semanas", disse. Sobre a ocupação da Favela da Rocinha, na zona sul, Cabral afirmou que ainda não há data para a operação. "Temos a ambição de fazer a retomada desses territórios, mas nunca definimos prazo." Carências. Destino do maior volume de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para reurbanização de comunidades carentes - com R$ 832 milhões já consumidos -, o conjunto do Alemão ainda sofre com valas negras que correm entre os barracos, falta de recolhimento de lixo, dificuldades de acessibilidade e escassez de infraestrutura - como calçamento e asfalto. Só que os pouco mais de 65 mil moradores entraram no centro do noticiário e o complexo acabou nas últimas duas semanas influenciando de forma direta ou indireta os mais de 6 milhões de moradores do Rio. Gente como o policial Ricardo Machado, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), e a dona de casa Verônica Soares, que, a pedido do Estado, narraram seus últimos dias em diários. / COLABORARAM ALFREDO JUNQUEIRA e CLARISSA THOMÉ

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