É oficial: Embu agora é 'das Artes'

Em plebiscito, 74 mil eleitores decidiram incorporar o 'sobrenome' à cidade conhecida por sua vocação artística

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Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

A maioria da população de Embu, na Grande São Paulo, decidiu incorporar de vez o traço artístico local à identidade oficial da cidade. Em plebiscito realizado ontem, cerca de 74 mil eleitores, ou 66% dos votos válidos, escolheram rebatizar o município para "Embu das Artes", nome pelo qual há décadas é popularmente conhecido. Cerca de 53 mil pessoas não foram às urnas, um índice de abstenção de 31%. Os votos contrários foram cerca de 38 mil.O resultado vai ser oficializado na manhã de hoje pela juíza Denise Cavalcante Fortes Martins. O resultado do plebiscito precisa ser homologado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para que a mudança ocorra. Segundo a prefeitura local, que apoiou a alteração, a consulta pública para a mudança de nome é a primeira do gênero no Estado. Localizado a oeste da Região Metropolitana, Embu se emancipou de Itapecerica da Serra em 1959 e virou "Embu das Artes" em razão da feira de artesanato organizada na cidade desde o final dos anos 1960. Graças a ela, o município se tornou reduto hippie e chamou a atenção de artistas, alguns renomados. Nos anos 1990, por exemplo, o roqueiro Mick Jagger aproveitou uma turnê no País da banda Rolling Stones para visitar a feira. O principal argumento usado na campanha para a mudança é a solução para um problema de nomenclatura que faria os visitantes confundi-la com a vizinha Embu-Guaçu. Para parte da população, a alteração também é interessante porque oficializa prática já comum nas ruas."Até no lotação já está escrito Embu das Artes. Nos sites de busca da internet, também. Tem que mudar mesmo", diz a auxiliar administrativo Priscila Aparecida Gomes, de 25 anos.Apesar da aprovação, a consulta pública sofreu resistência. Parte da população levantou a hipótese da mudança provocar despesas com taxas para a renovação de documentação em que o nome da cidade precisa ser trocado, como nas placas de veículos registrados no município. "Trabalho com artesanato e prefiro Embu das Artes, mas espero que não tenha problema", afirma a artesã Marcelena Gomes Ferreira, de 43 anos. "Teve gente na família que votou contra porque não quer pagar taxa para mudar documento", diz.A prefeitura de Embu garante que não haverá despesas extras para a população e apoiou a criação de lei municipal que proíbe a cobrança de taxas relacionadas à mudança de nome - a legislação só tem alcance nos tributos de competência do município. "Eu e meu marido votamos contra porque com certeza vai ter que alterar placa de carro e documentos", diz a auxiliar de logística Janice Ribeiro, de 27 anos.Embu tem 240 mil habitantes. Estavam aptos a votar cerca de 170 mil eleitores. O plebiscito custou R$ 135 mil ao município.

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