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Dubai é a maior concorrente de SP para Expo 2020

Por Andrei Netto e Correspondente/Paris
Atualização:

Apostando alto na diversidade de raças, credos e origens de sua população, São Paulo lançou ontem em Paris campanha para receber a Exposição Universal de 2020 - o maior evento cultural do mundo. A apresentação foi na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). As concorrentes são Izmir, na Turquia, Ayutthaya, na Tailândia, Ecaterimburgo, na Rússia, e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

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A seleção da cidade-sede começou ontem, em reunião do Escritório Internacional de Exposições (BIE), e vai se estender até novembro de 2013, quando o comitê vai bater o martelo. O evento é realizado sem periodicidade fixa. Os três próximos destinos serão Yeosu, na Coreia do Sul, em 2012, Milão, na Itália, em 2015, e Liège, na Bélgica, ou Astana, no Cazaquistão, em 2017. Em 2010, a Exposição de Shangai recebeu 73 milhões de visitantes, um recorde no evento inaugurado em 1851 em Londres.

Com antecedência de oito anos, o BIE abriu agora as inscrições para 2020. Primeira a apresentar seu projeto, São Paulo foi representada pelo vice-presidente, Michel Temer, o embaixador do Brasil em Paris, José Maurício Bustani, além do prefeito Gilberto Kassab. A apresentação foi dividida em discursos e dois vídeos, nos quais a delegação apresentou a Expo 2020 como um evento dedicado à diversidade de povos, culturas e continentes. A seguir, apostou forte na ideia de que o Brasil e São Paulo sintetizam essa diversidade. Os filmes reforçaram a imagem de samba e futebol, mas também apresentaram o País como uma terra acolhedora para estrangeiros. No fim, o slogan: "Come to Expo 2020 and become a paulistano" - ou "Venha para a Expo 2020 e se torne um paulistano".

Em seus discursos, Kassab e Temer não apresentaram orçamento detalhado da candidatura. O projeto paulistano prevê construção do Centro de Convenções e Exposições de Pirituba em uma área de 5 milhões de m² na região norte da capital, já declarada de utilidade pública. Nesse empreendimento, Kassab somou obras de infraestrutura já em fase de execução ou projetadas, como metrô e acessos viários, chegando a um custo de R$ 5 bilhões - R$ 1,5 bilhão para o Estado, R$ 1,5 bilhão para o Município e R$ 2 bilhões captados da União ou iniciativa privada.

Questionado sobre a presença de Temer e a ajuda federal, Kassab afirmou que ter uma Expo em São Paulo é, antes de tudo, tema de interesse do País. "A candidatura é do Brasil. Tanto é que está assinada pela presidente Dilma Rousseff." Temer aquiesceu. "A exposição internacional do Brasil já é imensa. Imagine com um evento desses?"

Outros dois apelos da candidatura de São Paulo ontem foram o fato de que nunca uma cidade da América do Sul recebeu a exposição universal. Além disso, segundo promotores, a infraestrutura do País já estará aperfeiçoada na época do evento em razão dos investimentos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Sobre os dois megaeventos, Temer reconheceu que podem ser, "sob certa ótica", um argumento contrário. "Mas o fato de o Brasil já estar se preparando facilita e ajuda."

Como a exposição nunca foi realizada no Hemisfério Sul, as chances da capital são, em tese, expressivas, mas será preciso superar pelo menos uma rival de peso. Inundada por petrodólares, Dubai é um verdadeiro oásis no Golfo Pérsico e concentra investimentos bilionários em urbanismo e arquitetura. Na apresentação de ontem, o emirado enviou como representante uma mulher com lenço muçulmano na cabeça. Mas a mensagem cultural foi forte: a representante não tinha nada de submissa. Era ministra de Estado, falava inglês e francês fluentemente e mostrou grande domínio sobre o dinamismo econômico da cidade.

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PARA LEMBRAR

'Piritubão' é a cartada de SP

Para ser a sede da Expo 2020, a Prefeitura aposta no "Piritubão", um megaparque de eventos que o governo municipal planeja construir no bairro da zona norte da cidade. A área de 5 milhões de m² já havia sido cotada para receber o futuro estádio do Corinthians, mas, após ter sido preterida por Itaquera, virou o carro-chefe da administração para abrigar a exposição internacional.

Entre as obras previstas na fase inicial para o local, estão uma alça de acesso saindo da Rodovia dos Bandeirantes, 11 pavilhões multiuso, centro de convenções, shopping, dois hotéis, seis galpões de logística e uma área para exposição e atividades ao ar livre. Nas três fases seguintes, serão feitos mais cinco pavilhões, um estacionamento e um terminal de ônibus, ciclovias e ciclofaixas.

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O projeto do megaparque de eventos foi feito pelo escritório local da empresa de arquitetura alemã GMP. Esse é o mesmo grupo que fez o projeto de reforma do Estádio do Morumbi para a Copa de 2014, não aprovado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Cheio de vidros, áreas abertas e iluminação natural, o design e os materiais espelhados a serem usados na construção são inspirados em centros similares da Europa, como o de Hannover e Leipzig, na Alemanha, e o de Rimini, na Itália.

O projeto ainda contempla a renaturalização e canalização de córregos que cortam o terreno. O governo do Estado deve arcar com custos e comando das intervenções na infraestrutura de transporte - duas alças e passarelas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a futura Estação Pirituba da Linha 6-Laranja, do Metrô.

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