
24 de julho de 2017 | 03h00
PEQUIM - Para atrair mais a atenção de investidores estrangeiros, a Prefeitura de São Paulo planeja lançar ao mesmo período as três grandes concessões de transporte público: a operação dos terminais de ônibus, das linhas e do sistema de pagamento do bilhete único. Até agora, os processos vinham sendo tratados com cronogramas separados.
Segundo o prefeito João Doria (PSDB), em visita à China, a estratégia é atender ao “grande apetite” de investidores árabes e asiáticos no setor. Doria tem nesta segunda-feira, 23, reuniões no Banco da China e no Banco de Desenvolvimento local. A ideia é preparar terreno para negócios futuros em duas das três concessões: terminais de ônibus e bilhete único. “Fundos soberanos árabes tomam as decisões pelos investimentos, mas na China os fundos financiam investimentos das demais empresas”, diz.
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Desde a última revisão do Plano Diretor da cidade, em 2014, terrenos que abrigam terminais de ônibus têm o potencial construtivo aumentado. Empresas dispostas a zelar pela manutenção das plataformas de embarque, e investir para melhorá-las, poderão usar o potencial extra para fazer shoppings, hotéis, universidades e até salas comerciais. Dividida em lotes, é uma das oportunidades de negócio que Doria mostrará nesta segunda-feira, 24.
A concessão do bilhete único também requer investimento inicial pesado, uma vez que a ideia é mudar a tecnologia.
“Queremos atrair empresas que farão o pagamento no celular”, diz Doria. A tecnologia de pagamento por aproximação, a NFC, que vêm se popularizando no mundo, ainda não emplacou no Brasil. No lugar do cartão de crédito, as transações financeiras são validadas pelo celular, e isso vale para o bilhete único ou qualquer outra compra. O sistema em que circulam cerca de R$ 7 bilhões ao ano – o da frota de ônibus – pode ser visto como porta de entrada para o mercado brasileiro.
A data exata para o lançamento do pacote ainda não foi anunciada. Das três concessões, há mais urgência na da operação das linhas, que hoje funcionam sob termos acordados 15 anos atrás com as empresas e que, em muitas áreas, só funcionam por contratos emergenciais, tidos como mais caros. Doria, porém, diz não esperar que o interesse estrangeiro pelo investimento na infraestrutura do setor se repita na concessão das linhas, que serão voltadas a empresários brasileiros.
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