Donos da boate assumiram o risco de matar, afirma MP

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Por Diego Zanchetta e SANTA MARIA
Atualização:

O Ministério Público do Rio Grande do Sul vê indícios de crime hediondo na morte das 235 pessoas na boate Kiss. Em manifestação encaminhada ontem à noite à Justiça, os promotores Joel Oliveira Dutra e Waleska Flores Agostin afirmam que houve "um crime de homicídio qualificado" e que os acusados assumiram "risco de produzir o resultado morte".Os promotores pediram a prorrogação da prisão temporária por 30 dias de Elissandro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios-proprietários da boate, e do cantor Marcelo de Jesus dos Santos e do auxiliar da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha. Eles tiveram prisão temporária, de 5 dias, decretada logo após o incêndio.A manifestação afirma que os indícios demonstram que a casa não tinha segurança. "Estava operando com número bem acima de sua capacidade", diz o MP.Para o MP, as investigações policiais apontam para falta de equipamentos de combate a incêndio, como extintores, luzes e saída de emergência. "Houve o uso de artefatos pirotécnicos não permitidos para ambientes fechados e de materiais altamente inflamáveis não permitidos para o isolamento acústico", escrevem os promotores de Santa Maria.Dutra e Waleska também questionam a atuação dos funcionários da Kiss. "As pessoas contratadas eram despreparadas para lidar com o público em caso de pânico e, ainda por cima, noticiou-se que os seguranças não permitiram a saída dos frequentadores que tentavam fugir." Bonilha, segundo o MP, adquiria os artefatos pirotécnicos, "com ciência de que não poderiam ser usados em ambiente fechado". O vocalista teria conhecimento do fato e, mesmo assim, utilizava os artefatos pirotécnicos durante as apresentações. Liberdade. Ontem à tarde, a Justiça gaúcha negou pedido de liberdade de Spohr. A prisão temporária dos quatro suspeitos venceria hoje. "Estamos analisando para ver como vamos pedir a prorrogação da prisão", afirmou o delegado.

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