
17 de outubro de 2010 | 01h00
Casei a notícia, publicada por Bruno Ribeiro e Epitácio Pessoa, com a leitura do livro Cidade de muros (Edusp/Editora 34, 2003), da antropóloga Teresa Pires do Rio Caldeira, que analisa crimes, segregação e cidadania em São Paulo em pesquisa sobre a relação do poder público e a sociedade urbanizada. O livro foi escrito em inglês. Trata-se de estudo do modo de vida de São Paulo e cidades grandes, como Los Angeles, onde a professora lecionava.
São Paulo "é uma cidade de muros em que a qualidade do espaço público está mudando imensamente e de maneiras opostas àquilo que se poderia esperar de uma sociedade que foi capaz de consolidar uma democracia política", escreve a antropóloga na página 255, depois de discorrer sobre um centenário processo de segregação de classes na Grande São Paulo.
A pesquisadora vai ao DNA da cidade, bairro a bairro, e traça um duro perfil das transformações paulistanas e metropolitanas. Em quatro capítulos, fala de como a autoridade do Estado agiu no processo de afastamento entre ricos e pobres, da falência do estado de direito, do aumento da violência e dos enclaves fortificados para moradia. E do uso, em São Paulo e Los Angeles, de ferramentas da democracia para criar apartheid. "O que está sendo reproduzido no espaço urbano é segregação e intolerância", afirma à pág. 340. Dona Edileusa, de Osasco, que o diga.
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