A Prefeitura de São Paulo exonerou nesta sexta-feira (13) dois chefes do setor de fiscalização da Subprefeitura de São Mateus, na zona leste da capital, onde um prédio desabou matando dez operários e ferindo 26 pessoas no dia 27 de agosto.
Segundo a prefeitura, houve falha na fiscalização do imóvel, que estava em situação irregular, e a Controladoria Geral do Município investiga uma denúncia anônima de que o proprietário do local teria pago propina a fiscais.
Os servidores afastados são: Alfredo Consiglio Carrasco, que era coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de São Mateus, e Décio Soares de Lima, supervisor técnico de fiscalização do mesmo departamento.
Eles serão substituídos, respectivamente, por Mário Fernando Petrilli do Nascimento e Roberta Cavalcante Damasceno, mas continuarão lotados na subprefeitura até o fim da investigação.
Segundo a prefeitura, eles foram exonerados "após declarações recentes que colocaram em dúvida suas condutas". Os substitutos irão rever os processos de fiscalização que estavam sob responsabilidade dos exonerados.
A vereadores na Câmara Municipal, Carrasco disse que estava no cargo "a contragosto" e que era obrigado a atuar como "goleiro, zagueiro, meio de campo e técnico", em referência à ausência de fiscais no órgão, onde estão lotados sete agentes vistores.
"Há falhas gritantes (no trabalho de fiscalização)", disse, ao ser questionado sobre o fato de uma obra embargada estar em andamento.
O advogado de Carrasco, Álvaro Consiglio Carrasco Júnior, disse ao Estado que o engenheiro não é fiscal ou chefe de fiscalização da subprefeitura e que "não competia" a ele "agir no projeto ou nas obras" do imóvel que desabou na avenida Mateo Bei em agosto.
Procurado, Décio Soares de Lima não quis falar sobre o caso com a reportagem.
O fiscal responsável pela obra, Valdecir Galvani, pediu demissão do cargo. Em depoimento no 49.º DP (São Mateus), ele negou ter recebido propina.