29 de agosto de 2013 | 02h07
Em entrevista a duas emissoras de rádio de Belo Horizonte, Dilma alegou que "não é correto a gente supor que em algum país do mundo há um bloqueio à vinda de profissionais especializados para ajudar o País quando ele não tem médicos suficientes". Ela salientou que o governo aposta no programa porque "há 700 municípios onde não mora nenhum médico". E afirmou que os estrangeiros poderão até ficar mais do que o previsto atualmente. Isso desde que cumpram as exigências legais.
Dilma avaliou ainda que o programa é uma "questão humanitária" e só agora "se adotou o mesmo padrão de 58 países do mundo". A presidente ressaltou que há "baixíssima" participação de profissionais estrangeiros na medicina local. "Na maioria dos países, o que nós vemos é a presença de médicos formados fora trabalhando. Nos Estados Unidos, são 25% de estrangeiros. Há lugares do mundo, como o Canadá, em que chega a 37%. Aqui estamos abaixo de 2%", exemplificou.
Cubanos. Ela ainda rebateu as críticas sobre o pagamento diferenciado que será dado aos cubanos, com base em convênio feito com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas). "Uma parte (do salário) eles recebem aqui. O salário que eles receberiam pelo mesmo trabalho, em Cuba, serão as famílias deles que vão receber", explicou, reiterando que há "preconceito" em relação aos profissionais da ilha.
Em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reiterou que as vaias a médicos cubanos em Fortaleza mostram "preconceito e xenofobia". O mesmo discurso foi feito pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, durante um encontro com movimentos sociais no Palácio do Planalto. "(Temos visto) declarações infelizes, gestos - alguns legítimos - de protestos, outros que causam espécie porque vêm carregados de preconceito, xenofobia, corporativismo exacerbado, além de racismo", afirmou.
"Sabemos que há outras questões (problemas na saúde), mas sem dúvida a ausência do profissional tem sido um clamor, uma carência largamente manifestada pelo nosso povo", continuou Carvalho. "É fundamental que a sociedade esteja informada do alcance total desse programa. É importante que a gente defenda as causas populares."
Para Gilberto Carvalho, não é possível acreditar que uma pessoa "de bom senso" deixe de concordar com a essência do programa Mais Médicos. "O debate está dado, e muitas vezes a desinformação e o preconceito acabam formando opiniões", disse.
A "forma desrespeitosa de recepção aos médicos cubanos" foi alvo até da oposição no Congresso Nacional. Durante a apresentação do requerimento que decidiu pela reunião conjunta de comissões de Câmara e Senado para avaliar o Mais Médicos, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que "não concorda" com as vaias. Mas afirmou que a sociedade brasileira "merece saber" como a Opas intermediou o contrato, quais os valores pagos aos médicos e ao governo cubano.
No Supremo. O governo federal ainda teve mais uma vitória na área jurídica. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou ontem o pedido do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para que fosse suspensa a medida provisória que criou o Mais Médicos. O ministro alegou que se trata de um assunto para ser decidido futuramente pelo plenário. /COLABORARAM JOÃO DOMINGOS e RAFAEL MORAES MOURA
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