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Dilma cita Lula e lembra os R$ 11 bi previstos pelo PAC

Visita às áreas destruídas na região serrana do Rio foi o 1º compromisso público da presidente depois da posse

Por Kelly Lima e Roberta Pennafort
Atualização:

Com semblante fechado e se dizendo bastante sensibilizada, a presidente Dilma Rousseff declarou que sua ida ao Rio teve como objetivo garantir a realização de ações concretas com o Estado e os municípios para "aliviar, socorrer, amparar e cuidar das vítimas". As Forças Armadas poderão ajudar na reconstrução. "É um momento muito dramático, as cenas são muito fortes, é visível o sofrimento das pessoas", disse, em sua primeira ação pública depois da posse. Dilma ressaltou que será necessário um esforço muito grande para reerguer as áreas atingidas. "Em tese, esse não é o papel das Forças Armadas, já que há empresas nacionais especializadas para recompor a infraestrutura. Mas, se for necessário, colocaremos à disposição".Dilma citou o ex-presidente Lula ao lembrar ações preventivas às quais dará continuidade e lembrou que o governo vai destinar R$ 11 bilhões para ações de saneamento, drenagem e política habitacional, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A presidente pousou em Nova Friburgo após sobrevoar a cidade por 40 minutos com ministros e o governador do Rio, Sérgio Cabral.Cabral, que estava viajando e ainda não havia falado sobre a tragédia, criticou a "desgraça do populismo". Afirmou que a "tragédia anunciada" se deveu a uma combinação da intensidade inesperada das chuvas com ocupação irregular das encostas. E criticou "políticos demagogos", que evitam coibir, ou até estimulam, construções ilegais em áreas de risco, em troca da simpatia da população mais pobre. "Desde 1988 a Constituição diz que solo urbano é responsabilidade da municipalidade. Tem sempre um político demagogo para fazer uma graça, dizer que é falta de respeito com o pobre, mas temos de tomar uma decisão firme. Nos últimos 25 anos, houve uma ocupação absolutamente irresponsável".Cabral comparou o efeito das chuvas no Rio e na Austrália, que também tem cidades debaixo d"água. "Caso nós tivéssemos um padrão rígido de ocupação de encostas, teríamos vítimas, mas não tantas. Na Austrália, há mais de 20 mortos, mas não são quase 500. Não quero eximir de responsabilidade os governos federal e estadual. Mas Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo quadruplicaram suas populações nos últimos 40 anos." Dilma também fez críticas: "Houve no Brasil absoluto desleixo com o local onde moraria a população de baixa renda, que, sem alternativa, foi parar em vala e encosta de morro." Segundo ela, já há no PAC plano de remover pessoas de áreas de risco. "Serve para a região serrana do Rio e para Santa Catarina. Em São Paulo, nas ações com o governo estadual na Billings e Guarapiranga, pudemos remover pessoas para evitar o pior."

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