Dificuldade com kit de torneira faz Sabesp criar vídeo

Distribuição começou pela zona norte da capital e clientes tiveram dúvidas na instalação; multa deve ser regulamentada nesta quarta

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Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Quase um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) iniciou nesta segunda-feira, 5, com a entrega em domicílio de economizadores de água para torneiras, o último pacote de ações para tentar evitar o colapso do sistema de abastecimento da Grande São Paulo. A empresa deve anunciar nesta terça-feira, 6, o começo da multa para quem não reduzir o consumo, após a regulamentação da medida pela agência fiscalizadora estadual. 

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O novo secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, disse que as soluções a curto prazo para a crise estão restritas às chuvas e à diminuição do consumo de água pela população. “No prazo de seis meses, você não consegue fazer nenhuma obra. O que nós queremos é que o consumidor consuma menos. A curtíssimo prazo, é isso que tem de ser feito”, disse ele, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, no domingo.

Nesta segunda, técnicos da Sabesp começaram a entregar em bairros da zona norte da capital, região abastecida pelo Sistema Cantareira, um kit contendo quatro redutores de vazão para torneiras. Segundo a companhia, até fevereiro serão distribuídos 6,3 milhões de kits na Grande São Paulo, que podem reduzir em até 20% o consumo. 

Dificuldade técnica. Para instalar o redutor, porém, é preciso remover a torneira da parede. Diante da dificuldade de alguns clientes, a Sabesp colocou um vídeo explicativo em seu site. Assista abaixo:

Mas a principal aposta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir o consumo de água durante a crise é a multa, que já recebeu aval técnico e jurídico da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) e deve ser regulamentada nesta terça-feira. A medida prevê sobretaxa de 20% na conta para quem não reduzir o consumo ao padrão de gasto anterior à crise (fevereiro de 2013 a janeiro de 2014), e de 50% para quem consumir 20% ou mais do que a média pré-seca.

Segundo Alckmin, os clientes que conseguirem justificar o aumento do consumo de água, como famílias que cresceram em 2014, ficarão isentos da multa. Para o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Marco Antonio Araújo Junior, a sobretaxa, da forma como foi anunciada, é “abusiva e ilegal”.

Vídeo divulgado no site da Sabesp ensina a instalar o kit de torneira Foto: Sabesp/YouTube/Reprodução

“A lei determina que essa tarifa só pode ser aplicada após declaração pública de racionamento. Não estamos inventando isso, está na lei”, disse Araújo, um dos signatários de um manifesto entregue à Arsesp que também cobra, entre outros pontos, uma campanha massiva na mídia sobre a multa, antes de sua aplicação, e a divulgação de um plano de contingência pela Sabesp para gestão da crise.

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Para a Sabesp, o racionamento já foi decretado pelos órgãos gestores do Cantareira, que determinaram a redução de 40% na retirada do manancial desde o início da crise. Com a sobretaxa, a companhia espera economizar 2,5 mil litros por segundo de 446 mil clientes que aumentaram o consumo. 

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