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Deslizamento é um dos dez maiores do mundo, diz ONU

Para Nações Unidas, tragédia na região serrana do Rio também já é o 2º maior desastre climático do Brasil

Por Jamil Chade
Atualização:

O drama que assola a região serrana do Rio já está entre os dez piores deslizamentos do mundo nos últimos 111 anos. O número de vítimas do desastre ultrapassou o de uma tragédia na China que até então ocupava a décima posição no ranking da ONU - ainda não atualizado. Além disso, o deslizamento desta semana já é o segundo maior do mundo no último ano e o terceiro maior da década.Os dados fazem parte do banco de estatísticas do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres. A entidade com sede na Bélgica fornece os números oficiais da ONU para avaliar respostas a desastres naturais pelo mundo. A organização coleta dados desde 1900. Para especialistas, problemas semelhantes ao do Rio já vêm sendo registrado no Brasil há anos e as explicações estão na falta de vontade política e de investimentos. Até ontem, o ranking dos dez piores deslizamentos no mundo tinha como nono e décimo lugares, respectivamente, desastres no Peru (600 mortos) e China (500). Até o fechamento desta edição, às 23h45, 510 pessoas haviam morrido no Rio.O maior desastre relacionado a um deslizamento de terra, porém, aconteceu em 1949, na União Soviética, com 12 mil mortos. O segundo maior foi no Peru, em dezembro de 1941, e deixou 5 mil vítimas.Apesar da grande quantidade de água que desceu morro abaixo, especialistas brasileiros e a própria ONU classificam o fenômeno natural como deslizamento, e não enchente - que tecnicamente ocorre quando o nível de água de um rio sobe além do normal e destrói casas construídas nas margens. Isso também ocorreu, mas grande parte da destruição e das mortes foi causada pelos deslizamentos.O evento também é o pior deslizamento de toda a história do Brasil. Ele superou em número de vítimas o registrado em 1967, em Caraguatatuba, quando 436 pessoas morreram. A tragédia desta semana é a segunda pior catástrofe climática do País - também em 1967, uma enchente no Rio matou 785 pessoas. No topo da lista está uma epidemia de meningite de 1974 em São Paulo, ainda contabilizada pela ONU como o maior desastre natural do País.Últimos 12 meses. Em um ano, o desastre fluminense também já entra para os registros da ONU, superado apenas por um incidente em agosto de 2010 na China, com 1,7 mil mortos. Na década, apenas dois deslizamentos de terra foram mais mortais que o do Estado do Rio desta semana. Além do que ocorreu no ano passado na China, as Filipinas registraram um desastre desse tipo em 2006, que deixou 1.126 mortos.Não é a primeira vez que o País aparece com destaque na lista de desastres naturais. Em 2008, o Brasil foi o 13.º país mais afetado por desastres naturais. Pelo menos 2 milhões de pessoas foram atingidas, principalmente por chuvas. Só as de Santa Catarina, em novembro daquele ano, atingiram 1,5 milhão de pessoas.Segundo especialistas, as vítimas poderiam ter sido poupadas. Em 2009, o Brasil subiu na escala e foi o 6.º país no mundo a enfrentar o maior número de desastres naturais. O alerta na época havia sido do Departamento para a Redução de Desastres da ONU.Segundo a estimativa, dez desastres naturais atingiram o Brasil entre janeiro e dezembro de 2009. Grande parte relacionada a chuvas torrenciais, deslizamento de terra e enchentes. Desastres. Na década, o Brasil sofreu mais fenômenos devastadores que países tradicionalmente afetados por problemas naturais, como México e Bangladesh. A liderança é das Filipinas, com 26 casos em 2009. A China vinha em segundo, com 23, seguida pelos Estados Unidos, com 16 desastres naturais em 2009.No total, 181 pessoas morreram no Brasil em 2009 por causa de chuvas, deslizamentos e enchentes. Em abril, 56 pessoas morreram com alagamentos e deslizamentos no Nordeste. Em dezembro, São Paulo teve 23 mortes e prejuízo de US$ 8,4 milhões. No mesmo mês, houve ainda mais 72 mortes por deslizamentos no Rio. No mundo, os desastres naturais mataram 10,4 mil pessoas em 2009. Foram, no total, 327 incidentes, com prejuízos de US$ 34,9 bilhões.

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