08 de abril de 2011 | 00h00
Uma testemunha contou que Wellington usava fone de ouvido e ria enquanto atirava. Entrou na escola de mil alunos - 400 naquele turno da manhã - após dizer que tinha ido buscar seu histórico escolar. Bem vestido, de camisa verde, calça e sapatos pretos e mochila nas costas, ele subiu direto para a sala de leitura, onde foi reconhecido pela ex-professora Doroteia. "Veio fazer palestra para os alunos?", ela perguntou, referindo-se à programação de encontros com ex-alunos bem-sucedidos para comemorar os 40 anos da escola.
Não era o caso de Wellington. Doroteia pediu que ele esperasse, pois estava ocupada. Minutos depois, começou a tragédia. Ele saiu da sala, largou a mochila, colocou o cinturão com carregadores, entrou em uma sala e anunciou: "Vim fazer a palestra". Em seguida, mirou na cabeça das crianças da primeira fila e a disparou com um revólver 38. A outra arma, um revólver 32, não foi usada. Meninas eram maioria na sala e sentavam na frente, segundo a polícia.
Segundo relatos, ele mandava que os alunos fossem para a parede. Indiferente às súplicas, atirava na cabeça. Alguns estudantes se jogaram debaixo das mesas. Outros tentaram fugir. Quando Wellington parou de atirar para recarregar a arma, Patrick Figueiredo, de 14 anos, saiu correndo de mãos dadas com uma amiga. Wellington acertou a menina, Patrick escorregou em uma poça de sangue e quebrou o dedo do pé. Em seguida, Wellington foi para a sala em frente e fez novos disparos. No andar de cima, uma professora ouviu os tiros e mandou que os adolescentes subissem para o auditório, no 4.º andar. Professores trancaram a porta e colocaram cadeiras e armários para bloquear a entrada.
A tragédia só não foi maior porque, mesmo feridas, duas meninas conseguiram fugir da escola e avisar o sargento da PM Márcio Alves. Ele trocou tiros com Wellington no corredor do 1.º andar. Atingido na perna, o matador caiu na escada e, segundo Alves, se matou com tiro na cabeça logo depois. Em sua mochila, foi achada uma carta em que ele pede para ser enterrado ao lado da mãe adotiva, Dicéa de Oliveira, e que seu túmulo seja visitado por um "seguidor de Deus".
Ao saber do crime, parentes desesperados lotaram a frente da escola. E as ambulâncias não eram suficientes. "Foi uma cena pavorosa. A frente da escola estava cheia de criança ferida", contou Luiz Alberto Barros, que socorreu seis delas em sua Kombi. Na noite de ontem, quatro continuavam em estado grave no hospital.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.