07 de abril de 2011 | 00h00
A perseguição começou às 16 horas de 12 de março no Itaim Paulista, zona leste. Os PMs Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva, que estavam na viatura M-29411, foram informados do roubo de uma van Renault. O motorista era Dileone Lacerda Aquino que, ao perceber a presença da polícia, passou a dirigir em alta velocidade e bateu em dois carros antes de derrubar um portão.
No 50.º DP, os policiais disseram que Aquino desceu do carro e passou a disparar contra eles - no revide, morreu. Testemunhas foram citadas no BO, confirmando o roubo e a perseguição.
Foram também ouvidos os donos dos carros danificados. A versão dos policiais não foi colocada em dúvida e o caso foi registrado como roubo seguido de resistência e morte. Em relação à ação dos PMs, o BO informava que não "se vislumbraram indícios de qualquer irregularidade no ato, não restando qualquer dúvida quanto à ação ter sido legal". Versão que só caiu por terra por causa da ligação de uma testemunha ao 190 da PM narrando a execução de Dileone pelos policiais no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, revelada na terça pelo Estado.
Com a entrada da especializada, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), as investigações de casos nebulosos vão avançar mesmo quando não houver a presença de testemunhas dispostas a colocar a vida em risco. Essa é a opinião do promotor Carlos Roberto Marangoni Talarico, secretário do Grupo Especial de Controle Externo da Polícia.
Em junho, quando estava no 1.º Tribunal do Júri, Talarico e 15 promotores apresentaram à Procuradoria-Geral uma lista de 13 pontos que toda investigação deve ter (veja ao lado). "São atos que o DHPP costuma fazer e que raramente ocorrem em um distrito." Segundo Talarico, a falta de uma boa investigação dificulta o trabalho do Ministério Público e impossibilita punir excessos.
Ressarcimento
A Defensoria do Estado quer que o governo indenize a família de Dileone sem a necessidade de processo judicial. A defensora Daniela Skromov já tem a anuência da família da vítima.
O QUE TODA INVESTIGAÇÃO DEVE TER
Dados
Devem ser disponibilizados dados do Copom do caso de resistência
Consultas
Saber se o policial fez consultas sobre os antecedentes da vítima
Armas
Dados sobre a propriedade das armas oficiais
Registros
Registros de eventuais armas particulares do policial
Sigilo
Número dos celulares e Nextel usados pelos policiais para eventual quebra de sigilo
Identificação
Precisa ser completa
Relatório
Comandos precisam checar o deslocamento de viaturas
Testemunhas
Ouvir familiares das vítimas
IML
Fotografias do cadáver no IML
Antecedentes
Dos policiais e da vítima
Ouvidoria
Ofícios sobre casos anteriores
Comunicação
Entre viaturas
Histórico
Vida funcional dos policiais
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