''Depois do que aconteceu no Rio, fiquei com muito medo''

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Por Rejane Lima
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A dona de casa Suzana dos Santos Araújo, de 25 anos, não vê a hora de deixar a Serra do Mar, em Cubatão, e se mudar para um conjunto habitacional. Ela, o marido e os quatro filhos vivem há dez anos no bairro Grotão, uma espécie de vale no começo da subida da serra que integra os chamados bairros-cota. "Para salvar esse povo quando chove é Deus mesmo. Fica só o lamaçal e a água correndo pelo lado de fora. Depois do que aconteceu no Rio, fiquei com muito medo."Mesmo assim, ela prefere aguardar seu apartamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbanismo (CDHU) a mudar-se dali para uma casa alugada. "A gente já está cadastrado. Não quero sair para ter de pagar aluguel."Já a doméstica Marineide do Nascimento Carneiro, de 47 anos, vai usar auxílio-aluguel de R$ 400 do governo estadual e deve se mudar para uma casa alugada em duas semanas. "É na Serra do Mar mesmo, mas não está em área de risco. Aqui não consigo mais dormir à noite de medo."Com 23 assentamentos precários e mais de 19 mil moradias irregulares, a população de Cubatão também vive sob o temor de acidentes no polo petroquímico, que com cerca de 50 empresas forma uma das maiores plantas industriais da América Latina. Segundo o coordenador da Defesa Civil da cidade, José Antonio dos Santos, foi justamente uma tragédia - o incêndio causado por um vazamento da Petrobrás que em 1984 matou 93 pessoas na Vila Socó - o motivo para que o município tivesse Defesa Civil trabalhando 24 horas e planos estratégicos contra acidentes. Criado em 1987, o Plano de Auxílio Mútuo reúne empresas, PM e bombeiros e prevê, entre as ações, simulados de emergência. Mas não faltam críticas. O líder comunitário Agenor de Camargo, por exemplo, aponta falhas na segurança. "Faltam simulados para ensinar as comunidades o que fazer em caso de acidente, há tubulações de gás cortando a cidade toda e o Rio Cubatão não é drenado há 15 anos."

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