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Depois do medo do caos, alívio toma conta dos saguões

Passageiros comemoram cancelamento da greve; na dúvida, muitos deles chegaram várias horas antes dos voos

Por ANA BIZZOTTO E NATALY COSTA
Atualização:

Greve cancelada, passageiros aliviados. A Anac estima que meio milhão de embarques e desembarques tenham acontecido só ontem em todo o País. Em Cumbica, o dia foi calmo mesmo com o protesto de aeroviários da TAM no começo da manhã. Segundo a empresa, alguns voos foram afetados por causa das manifestações, principalmente em Guarulhos e Salvador.No saguão, passageiros ainda comentavam sobre o medo da greve. "Antes de vir para o aeroporto, pensei: meu Deus, o que vou encontrar?", contou a bibliotecária Maria de Lourdes Lima, de 50 anos, que às 10h30 já aguardava o voo das 14 h para Presidente Prudente. A dona de casa Rose da Silva Fernandes só embarcaria para Brasília às 12h30, mas estava em Cumbica três horas antes. "Até ouvi que não ia ter greve, mas preferi não arriscar."No Aeroporto de Congonhas, muita gente chegou com antecedência para evitar transtornos. Foi o caso da gerente administrativa Cristiane Joels, de 30 anos, que viajou a Vitória com os dois filhos. Ela tentou antecipar a passagem para anteontem, mas não achou vaga. "Estava apavorada. Sorte que vi na TV que não teria greve. Fiquei mais tranquila, mas ainda assim cheguei duas horas antes."Mesmo sabendo da suspensão, o supervisor de vendas Wagner Cândido Prado Júnior, de 35 anos, resolveu se precaver. Partiu de Bauru de carro bem cedo e chegou a Congonhas com cinco horas de antecedência. Tudo para garantir o Natal em Vitória ao lado da namorada e da família dela. "Deixamos o carro no estacionamento. Se algo desse errado, pegaríamos a estrada até lá."A última greve dos aeroviários e aeronautas, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos, foi em 1986. Na ocasião, a aposentada Alícia Marques, de 74 anos, ficou o dia todo no aeroporto e não conseguiu embarcar para Recife, onde passaria seu aniversário de 50 anos com o marido. "Era um sábado de setembro e estava uma confusão que você não faz ideia. Tive de voltar para casa e só consegui embarcar na quinta-feira. Foi um desespero, uma loucura", conta. Ontem, segundo Alícia, "estava tudo tranquilo", mas ainda sim ela preparou um plano B caso não conseguisse embarcar com o filho e a nora a Brasília: iria para Vinhedo (SP) passar o Natal com outros parentes.

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