Depois de 2000, assassinatos voltam a taxas dos anos 60

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Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Um dos fatos mais instigantes dos últimos anos na cidade é a brusca oscilação de assassinatos ocorrida em períodos tão curtos. Entre os anos 1960 e 2000, o crescimento de homicídios ultrapassou os 900%. A partir do ano 2000, a curva se inverteu e se iniciou a reversão acelerada acima de 80%, voltando a taxas semelhantes às registradas nos anos 1960. Como justificar mudanças de comportamento tão abruptas em uma mesma população?O crescimento do número de presos poderia ser uma hipótese. Mas por que as prisões só conseguem diminuir os assassinatos, enquanto os roubos, também vulneráveis à ação da polícia, continuam crescendo?Conhecer as motivações por trás dos homicídios ajuda a encontrar respostas. Quando os assassinatos começaram a crescer nos anos 1970, acreditava-se que as mortes ajudariam a limitar a desordem que ameaçava os bairros que surgiam. Era a época dos grupos de extermínio na PM e dos justiceiros. Os resultados desastrosos dessa tática, no entanto, foram ficando claros com o passar dos anos. Os assassinatos, em vez de garantirem a ordem, provocavam intensos ciclos de vingança, que fugiam ao controle de todos. O próprio assassino passava a ter os dias contados, já que seria vingado. Era um tipo de crime em que todos perdiam. Parar de matar era algo que interessava a todos. Por isso o pacto se consolidou - com ajuda do Estado.

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