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Delegado agride cadeirante e é punido

Titular do 6º DP de São José dos Campos parou em vaga de deficiente e admite ter dado tapas em advogado que queria estacionar no local

Por João Carlos de Faria
Atualização:

O secretário de Estado da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, determinou no final da tarde de ontem o afastamento do delegado titular do 6.º Distrito Policial de São José dos Campos, Damasio Marino. O delegado, que não tem problemas de locomoção, é acusado de ter agredido um cadeirante, após ocupar vaga para deficientes físicos. Em depoimento ontem ao delegado corregedor da Polícia Civil, Antonio Álvaro Sá, Damasio negou que tenha agredido o cadeirante e advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini com uma arma. No depoimento, que começou às 19h e terminou às 20h10, Damasio disse ter dado dois tapas em Morandini após ele cuspir no seu rosto. O advogado Luiz Antonio da Silva, que defende o delegado, disse que Damasio ocupou a vaga porque sua mulher está grávida.A Corregedoria da Polícia Civil instaurou inquérito e processo administrativo para apurar a responsabilidade funcional e possível crime de lesão corporal dolosa.O caso aconteceu na última segunda-feira, quando Morandini tentou estacionar na vaga para deficientes próxima de um cartório da cidade, que estava ocupada. Na saída, viu que o dono do carro estacionado ali não era portador de deficiência. "Chamei a atenção dele, como já fiz diversas vezes. Disse que ele não era deficiente e não podia parar lá", disse o cadeirante. Segundo o advogado, Damasio passou a xingá-lo e o mandou calar a boca. "Ele me chamou de aleijado filho da p...". Ainda segundo sua versão, o delegado entrou no carro e Morandini cuspiu no vidro do veículo. Damasio desceu e teria dado coronhadas em seu rosto. "Minha camisa ficou ensanguentada. O delegado, com a arma em punho, perguntou se eu não tinha medo de morrer", acrescentou. Damasio foi identificado porque uma testemunha anotou a placa do carro. Ainda na segunda-feira, o advogado registrou boletim de ocorrência por lesão corporal e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal. OAB. Ele procurou a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo e espera receber apoio da instituição. "Preciso do apoio da OAB para que o caso não fique impune." O presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP, Antonio Ruiz Filho, foi designado pela Ordem para acompanhar o caso. "Sendo ou não um caso de ofensa às prerrogativas profissionais, daremos todo o suporte ao advogado", disse Ruiz Filho.

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